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Críticas

Cineplayers

Competente, informativo e divertido. Somente não é melhor por ser extremamente burocrático e ter cara de reportagem de televisão.

6,0

Está nos cinemas, sob uma distribuição bastante limitada, este belo documentário brasileiro sobre a volta ao mundo que a família Schürmann realizou em comemoração aos 500 anos do descobrimento do Brasil, no final do último milênio. A viagem refez a primeira volta ao mundo da História, realizada com bravura por Fernão de Magalhães, por volta de 1520. Se por volta do ano 2000 você acompanhava o programa Fantástico, da Rede Globo, já vai ter visto a maior parte do documentário. Ainda assim a aventura transformada agora em cinema é muito mais interessante, e há vários detalhes novos.

O Mundo em Duas Voltas entra na intimidade dos tripulantes do barco Aysoo e aprofunda o amor que a família tem pelo mar. Para não ter cara única e exclusivamente de reportagem televisiva, o roteirista Luiz Bolognesi resolveu criar uma narrativa paralela, descrevendo a viagem de Magalhães através de inúmeras ilustrações, com a ajuda de uma narração ágil, informativa e, principalmente, agradável, utilizando-se de documentos reais da época. O filme possui méritos ao conseguir passar pelo menos uma idéia do que os primeiros exploradores sofreram, e é quase sempre interessante imaginar o antes e ver o agora, com os Schürmann revisitando tais lugares.

É um documentário bem tradicional, quase funcionando como uma aula de geografia e história – será interessante passar o filme a estudantes no futuro. Mas a simpatia da família, aliada aos interessantes fatos narrados, fazem com que o conteúdo apresentado seja rico e divertido ao mesmo tempo. Há momentos bem emocionantes, principalmente quando o filme adquire um tom bastante pessoal, destacando sentimentos e momentos dos membros da família. Fica difícil não se envolver e não gostar da viagem.

O ponto negativo, sem dúvida, são momentos burocráticos exibindo costumes e tradições de certos locais pelos quais a família atravessou. Nesses momentos o documentário adquire tons de televisão, perdendo força como cinema. As imagens geralmente são belíssimas (a Patagônia foi minha parte predileta), mas a sensação de que esse tipo de material passa semanalmente na televisão, gratuitamente, não fica para trás. Por isso foi uma empreitada inteligente a tal narrativa paralela. Mesmo que esta conte apenas com imagens estáticas, o ritmo agradável e os próprios acontecimentos (que são muito interessantes, principalmente por serem reais) trazem força de volta ao filme quando ele começa a perder ritmo.

Sabendo dosar bem informação e desenvolvendo bem os membros da família, O Mundo em Duas Voltas é um trabalho muito competente, ainda que não especialmente inovador. O cinema brasileiro é fortíssimo na produção de documentários. Somente não sabe distribuí-los corretamente – provavelmente por não haver salas de cinema o suficiente para tanto material produzido nesse gênero. Este filme aqui mereceria ser visto no cinema, pois as paisagens ficam belíssimas na tela grande. Isso não impede que o filme seja apreciado, com calma, em casa. Recomendado!

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