Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Os irmãos Marx em um de seus filmes mais famosos - mas não necessariamente o melhor.

6,0

Os irmãos Marx foram grandes comediantes da primeira metade do século XX. Muitos críticos os consideram geniais, e filmes como O Diabo a Quatro não fazem de mentirosa essa qualidade de afirmação. Os anos 1920 e 1930 foram a época de ouro para a comédia: Chaplin, Buster Keaton e os próprios Marx utilizaram-se da ainda nova ferramenta, chamada de "cinema", para aparecerem para o mundo e mostrarem sua arte. Comediantes da atualidade copiam e se baseiam em seus estilos, piadas, situações físicas e diálogos rápidos e inteligentes.

Uma Noite na Ópera é mais um trabalho anarquista desses três irmãos - Grouxo, Chico e Harpo. Um humor cara-de-pau, ofensivo, com muitas situações visuais gratuitas que promovem uma grande bagunça na tela. Suas personagens mais clássicas estão lá: a ricaça de quem todos querem se aproveitar; o sujeito que mais quer se aproveitar dessa ricaça; o vilão que quer colocar tudo a perder; o palhaço que vive apenas para perturbar aos outros. No todo, esses elementos formam um protótipo de roteiro, que não faz lá muito sentido, e o objetivo sempre fica sendo encaixar, da forma mais engraçada ou irônica, uma nova piada em cada cena.

Esse esquema funcionou perfeitamente em O Diabo a Quatro, filme de 1933 que considero uma das melhores comédias que existem - e pode ser encontrada em lançamento recente em DVD. Já neste filme tudo o que foi feito naquele é levado ao extremo, as situações são muito mais exageradas, as piadas tentam sempre ir um passo além. No geral, em uma comédia, a recomendação é que se permaneça no simples muitas vezes. Uma Noite na Ópera não chega a ter um nível de diversão muito alto, portanto, e as risadas são muito mais esporádicas do que poderia ser esperado de um filme dos irmãos Marx.

Toques de genialidade existem durante quase todos os momentos do filme. Os humoristas justificam seu nome na história do cinema com diálogos irônicos e situações físicas que fazem seus coadjuvantes sofrerem para agrado do público. A cena na qual o detetive da polícia chega no apartamento de Driftwood (Grouxo) em busca de seus amigos que viajaram clandestinamente para a América é uma amostra do estilo de humor do grupo: alguém tem que sofrer para a risada se soltar. Esses tipos de cena, que em nível de enredo não adicionam nada, são comuns no filme todo, mas ainda assim conseguem ser as mais engraçadas.

O filme, assim que termina, deixa uma sensação de ser uma mistura de cenas que não importam mas são engraçadas com outras que importam mas são simplesmente chatas. Os bons diálogos conseguem manter o pique, isso na maioria das vezes, mas não é sempre que acontece. Muitas boas piadas são repetidas exaustivamente - e da segunda vez em diante já não são mais tão engraçadas. Este é considerado por muitos críticos o melhor filme do grupo (enquanto outros consideram o melhor O Diabo a Quatro), mas não concordo com essa afirmação. A melhor cena mesmo acaba sendo uma sequência musical a bordo do navio que transporta os personagens à América, o que não deveria ser o caso em uma comédia escrachada.

Comentários (0)

Faça login para comentar.