Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Andy comenta as últimas horas de vida de Jesus Cristo, o polêmico filme de Mel Gibson que levou multidões aos cinemas de todo o mundo.

4,0

Este é o primeiro filme como diretor de Mel Gibson após sua consagração em Coração Valente. Longos nove anos, que acabaram por trazer a um dos maiores astros de Hollywood a história mais famosa - e controversa - da humanidade: a de Jesus Cristo.

Gibson, católico fervoroso, optou por contar sua história centrando-se nas últimas horas de vida do mártir, iniciando o seu roteiro já com a traição de Judas e o confuso julgamento. Começa então todo o martírio. Para o protagonista e para o espectador. A violência mostrada é tão grande e tão explícita que chega ao ponto do sadismo. E irreal. Não há ser humano que consiga suportar tanta violência quanto a que é mostrada na película. Mas se a intenção de Gibson é chocar, ele consegue isso com maestria, pois a platéia reage, se indigna, se comove. Mas isso está longe de levar o filme a um patamar mais elevado.

Grande parte de culpa está no roteiro, do próprio Gibson com Benedict Fitzgerald, que não consegue se ater a outra coisa senão ao sangue. A inserção de flashbacks rápidos não ajuda também, por serem curtos e superficiais. O tratamento dado aos personagens também é muito fraco: James Caviezel, ator de nome médio em Hollywood, não tem as chances necessárias como Jesus. Seu papel é simplesmente apanhar e grunhir. Maia Morgenstern, atriz romena até então desconhecida para mim que interpreta Maria, é a que se dá melhor, com expressões faciais significativas e emocionantes. A melhor coisa do filme. Engraçado como não há quase a participação dos apóstolos no filme, exceto Pedro (Francesco De Vito), João (Hristo Jivkov) e Judas (Luca Lionello). Herodes (Luca de Dominicis) é tratado como um afetado e os guardas são sádicos sem qualquer tipo de explicação.

Nos aspectos técnicos, vale destacar a expcepcional direção de arte. E só. A fotografia e edição estão falhas, e os figurinos não saem do lugar-comum dos filmes do tipo. Mas o pior fica por conta da maquiagem, um exagero sem precedentes, e dos efeitos especiais, que são rudimentares e depõem contra a seriedade do filme (inclusive com a participação do Satã).

É claro que percebe-se a cada polegada de filme a paixão (sem trocadilhos) do realizador para com o projeto. Sem muitas concessões (o filme é falado em latim e hebraico - percebe-se em alguns diálogos que os atores tem dificuldades quanto à entonação - e sem muito dinheiro (foi Gibson quem bancou do próprio bolso), não tenho como dizer se o filme fere algum preceito religioso. Mas como uma obra que levantou toda uma polêmica ao redor (e faturou milhões com isso) e que pretendia ser um marco, deixou muito a desejar.

Comentários (0)

Faça login para comentar.