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Críticas

Cineplayers

Uma obra altamente repugnante, que nunca deveria ter visto as telas de cinema.

1,0

Para acreditar que o remake de A Pantera Cor-de-Rosa vai dar certo, o espectador precisa acreditar que:

1) Steven Martin é engraçado;
2) Kevin Kline é bom ator;
3) e, o mais difícil, que Beyoncé Knowles é uma atriz.

Como Martin não está engraçado, Kline é ator de parcos recursos e Beyoncé só é uma atriz quando está de costas e de boca fechada, o que temos é uma tremenda decepção. Como o diretor Shawn Levy não tem um décimo do talento de Blake Edwards e Steve Martin como roteirista também não é lá grandes coisas, esse filme resulta em constrangimento para quem o assiste. Um horror.

Esse remake serve para medir o quanto o cinema regrediu nos últimos anos. Ao apostar que as platéias são imbecis e incapazes de entender humor inteligente e de bom gosto, o resultado é obras como essa, um acinte à inteligência, um atentado ao bom gosto. Jamais a equipe reunida conseguiria repetir a elegância de Blake Edwards em sua série (que nem é o seu melhor trabalho). Na verdade, o filme de 1963 era um veículo para David Niven, estrela da época, e Peter Sellers nem era a primeira escolha do elenco (era Peter Ustinov). Mesmo fazendo um filme de encomenda e escancaradamente comercial, Edwards conseguiu tornar-se insuperável, com a clássica trilha e Henry Mancini e o cartoon da pantera, que abre o filme.

Esse remake é do tipo de filme em que é melhor ver o trailer do que o filme inteiro. O humor rasteiro e preconceituoso dos produtores levou os atores a ridicularizar a França, em desgraça nos EUA desde que foi contra a invasão do Iraque (franceses são os vilões de Hollywood hoje: em Munique, em Mestre dos Mares, até em Johnny English). Jean Reno, que faz o parceiro de Clouseau, faz aqui seu mais infeliz papel em língua inglesa. Nem os filmes de ação e luta marciais que fez anteriormente colocaram-no em situações tão grostescas e deprimentes.

Nada contra remakes – até porque a obra em questão nem é lá essas coisas. O problema aqui é a imbecilidade, o humor escroto, a falta de talento (ou o que é considerado talento hoje em dia, como a música de Beyoncé) e a certeza de que, na mente dos produtores de Hollywood, está um público medíocre. Nós seríamos incapazes mentais dispostos a engolir obras infames como essa, que merecem nosso mais veemente repúdio.

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