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Críticas

Cineplayers

Sob a mira de um sniper, Stu é julgado pelos crimes pessoais que comete com as pessoas que o rodeiam.

7,0

Quando a criatividade é bem utilizada, ela supre bem a falta de orçamento em um filme. Isso é um fato comprovado por Joel Schumacher em sua última obra que chega ao Brasil, Por um Fio, com Colin Farrell (agora famoso, depois de obras como Minority Report, O Novato, A Guerra de Hart, contracenando com astros como Tom Cruise, Al Pacino e Bruce Willis) praticamente levando o filme nas costas, já que os outros personagens aparecem tão pouco. O filme custou apenas pouco mais de 10 milhões de dólares (se Farrell já fosse famoso quando foi rodado, teria sido bem mais) e foi gravado apenas em 12 dias em um subúrbio de Los Angeles (só que a história se passa em Nova York). O interessante é que, com um orçamento bem maior, o diretor fez bombas como Em Má Companhia e Batman & Robin. Vai entender esses cineastas...

Stu (Farrell) é um publicitário mal sucedido que, todos os dias, vai até uma cabine ligar para a sua amante, a bela Pamela McFadden (Katie Holmes, do seriado Dawson´s Creek e de filmes como O Dom da Premonição e Garotos Incríveis). Ele não liga de seu celular para que sua mulher, a também maravilhosa Kelly (Radha Mitchell, de Johnny English), não descubra sobre suas puladas de cerca, já que ela checa as contas de seus celulares. Quando, nessa mesma cabine, Stu recebe um telefonema onde a pessoa do outro lado da linha sabe demais sobre sua vida, as coisas começam a complicar. A pessoa diz que Stu está sob a mira de um rifle e, se ele não fizer tudo o que ele mandar, será morto.

A partir desta premissa simples, diversas boas situações vão sendo criadas. Existem as prostitutas que querem usar o telefone como meio de trabalho, pessoas que são baleadas e todos acham ser Stu, enfim, o atirador vai brincando com sua a vida e seus segredos em uma reflexão sobre a intimidade de cada um. Aliás, não espere uma resolução real de todos os fatos que acontecem dentro do filme, o diretor se preocupou mais em criar essa tal reflexão do que solucionar os fatos em si. Até por causa disso, os personagens secundários ficaram muito pouco trabalhados (um defeito bem grave).

Katie está bem, como sempre, porém não é nem um pouquinho exigida na trama, nem no final. A mulher de Stu também não tem um papel muito importante, já que quem está interagindo o tempo todo com Stu é, na verdade, o assassino. Pelo menos ele, interpretado por Kiefer Sutherland, está ótimo! O cinismo na sua voz, o modo como ele fala, onde é possível perceber o rancor do personagem, tudo isso se encaixou perfeitamente, sendo o melhor do filme. Ainda na parte de personagens, temos Forest Whitaker interpretando o Capitão Ed Ramey, que também tem um papel um pouco maior na trama, tentando convencer Stu a se entregar sem machucar mais ninguém e que aos poucos vai tentando entender tudo o que está acontecendo naquela cabine telefônica. Pena que nenhum deles tenha seus dramas trabalhados no filme.

Apesar das situações criadas serem boas, o suspense que elas poderiam render fica muito aquém do que imaginei. Há diversos momentos até bobos, principalmente na divisão de telas, totalmente desnecessários à trama. O filme acaba ficando um pouco monótono e previsível a partir de certo momento também, pois as situações criadas vão ficando muito parecidas uma com as outras.

Apesar disso, Por um Fio não deixa de ser um bom filme, entreter, ter um bom elenco e, ainda por cima, ter custado tão pouco para os cofres da Fox e Zucker. Sofreu um pouco com os atentados do atirador em meados de 2002 nos EUA, tendo seu lançamento atrasado um pouco, mas isso acabou sendo positivo para o filme, que contou com Farrell e um cachê bem baixo. Talvez seja melhor curtir em vídeo, já que é um filme curto e os cinemas andam tão caro. Nada que uma noite chuvosa de Sábado não resolva.

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