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Críticas

Cineplayers

Apesar do roteiro idiota e de repetir o primeiro filme, tem mortes mais assustadoras e a transforma em um personagem do filme.

6,0

Quem assistiu ao primeiro Premonição, sabe que a graça do filme não é um suspense gerado pela dúvida se uma personagem iria morrer ou não. Todas as cenas tensas do filme resultavam em uma morte, não havia esse gostinho do inesperado. A graça era curtir o quanto a 'Morte' (a vilã mesmo, e não a palavra; usarei maiúscula quando me referir a ela) elaborava suas peripécias para ir eliminando, um a um, os sobreviventes da fantástica seqüência inicial do filme. Para quem gostou da fórmula inovadora, já que esse terror teen era bem diferente da onda que ia infestando os cinemas na época, uma boa notícia: a continuação é exatamente a mesma coisa, sem tirar nem por, apenas acrescentando alguns elementos a idéia da trama inicial (e caindo no erro de contradizer outros; mas isso é conversa para as linhas seguintes). E se você curtiu todo o sofrimento da professora em comparação as outras mortes, saiba que todas aqui seguem o mesmo padrão de calculismo. É preciso ter um pouco de estômago...

O filme aqui também começa com uma seqüência fantástica, pouco original, limitando-se a ser uma nova versão do mesmo que aconteceu no filme original. Sai o avião explodindo, entra uma carreta cheia de troncos se acidentando. Um enorme engavetamento, considerado um dos mais graves da história, começa a acontecer, e todas as pessoas do trânsito vão morrendo, uma a uma, de forma extremamente violenta. Logo depois descobrimos que tudo não passou de uma premonição da jovem Kimberly (interpretada por A.J. Cook, de As Virgens Suicidas; acalmem-se, não revelei nada demais, afinal, esse é o trailer do filme). Daí em diante nada muda, toda a fórmula que tornou o primeiro um sucesso vai se repetindo: dos que se salvaram, a Morte vai perseguindo um por um para tentar cumprir o seu serviço.

O interessante é que esse engavetamento aconteceu exatamente um ano após ao acidente do vôo 180 registrado no início do filme anterior, e a relação entre os acontecimentos vão se entrelaçando no decorrer desta continuação. Alguns detalhes são explicados, aprofundando mais a história sobre a Morte e sua ‘funcionalidade’. Com todo o medo ao redor, Kimberly conta com duas ajudas extremamente fortes para conseguir vencer na luta contra a Morte: o Oficial Thomas Burke (Michael Landes) e Ali Larter (Clear Rivers); esta última a única sobrevivente do primeiro filme (isso mesmo, a única; e o filme conta o que aconteceu com os outros dois personagens que supostamente haviam sobrevivido também).

Não gostei da caracterização da personagem de Clear. Ali é muito segura, é uma mentora dentro da história, só que, pelos fatos acontecidos anteriormente, seria impossível uma pessoa que se internou voluntariamente num hospital psiquiátrico ter coragem de sair e enfrentar a Morte do jeito que ela enfrentou, ainda mais considerando impossível vencê-la. Nada a abalava, nada a fazia relembrar o passado, era como se tudo tivesse sido superado, como se ela tivesse aprendido tudo e mais um pouco sobre o inimigo invisível. Em contraponto, A. J. Cook está muito bem como protagonista, tomando o lugar de Devon Sawa do filme original (este deve ter morrido esperando um cachê maior). Ela convence, faz as pessoas torcerem por ela.

Sobre as mortes, elas estão exageradas, como dito antes. Bem exageradas, por sinal. A Morte planeja tudo da maneira mais calculista possível, arrancando, em algumas cenas, até risadas da platéia. Só que algumas conseguem assustar de verdade, tamanha a frieza e violência com que são executadas. A do vidro, por exemplo, ficou fantástica, assim como a do air-bag. Esse tipo de cena me deixou realmente entretido, pensando no filme. Os furos no roteiro, como a antilógica de uma pessoa sobreviver a um ataque da morte e logo depois morrer, o que, de acordo com o primeiro filme, não deveria acontecer, quase estragaram toda a festa. Só que esse tipo de furo (constante, por sinal) é gerado por uma escolha bem feliz por parte dos diretores: a ampliação do mundo da Morte. Novos fatos são apresentados, relações com o filme anterior (apesar de não serem do mesmo diretor) são bem encaixadas, as mortes estão na medida certa, enfim, o filme também tem muitos prós, apesar de errar bastante.

A caracterização do inimigo invisível está perfeita, assim como no primeiro filme. É interessantíssimo se confrontar com um personagem tão importante dentro da trama sem você nunca se deparar com seu aspecto visual. O trabalho é tão bem feito que você sente a presença da Morte de forma clara e amedrontadora (às vezes, com mais presença que alguns atores inexpressivos na tela). Isso não é uma virtude adquirida somente nesta continuação, mas com a troca de diretores, esse fator poderia se enfraquecer, mas não, foi mantido e funciona extremamente bem.

Estava ansioso para assistir e não me arrependi. Apesar de todos os erros (os bem banais já citados), Premonição 2 me divertiu muito. Eu ri, fiquei assustado, gostei das mortes. E saí pensando do Cinema como seria se eu morresse assim, de uma hora para a outra, de forma tão violenta. Um filme que me prendeu assim não pode ser ruim.

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