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Críticas

Cineplayers

O novo filme de Spielberg reúne gigantes de Hollywood em uma história divertida, malandra e real!

8,0

Logo no inicio da projeção de Prenda-me Se For Capaz, somos apresentados a algo que não costumamos ver todos os dias em que vamos ao cinema: uma abertura simples e de extremo bom gosto. Foi a melhor forma que achei para conseguir expressar o quão satisfeito fiquei ao ver aquela apresentação, que transforma a simples “listagem dos nomes” dos atores e equipe técnica em um verdadeiro espetáculo retro. Mais ou menos ali pela apresentação mesmo, o público já pode ter uma pequena idéia de como será o visual do filme. Aqueles que forem um pouco mais atentos ou assistirem ao filme mais de uma vez perceberão que na própria apresentação há cenas (bem breves) que mostram o que irá acontecer no decorrer do filme, como a perseguição de Hanratty a Frank Abagnale Jr. por diversos locais que, de certa forma, podem ser visualizados ali. Uma verdadeira tacada de mestre de Spielberg ter optado por uma abertura de extremo bom gosto assim, mas se tratando de Spielberg, sempre podemos manter as expectativas lá em cima, tenha sido o filme bem marketeado ou não.

Mas o mais impressionante de tudo, por mais bela que seja, não é a apresentação, o trabalho de Spielberg ou qualquer outro quesito nesse sentido, mas sim o sucesso do filme nas bilheterias. O público, atraído pelos nomes de Steven Spielberg, Leonardo DiCaprio, Tom Hanks, Christopher Walken e Martin Sheen, compareceu aos cinemas mesmo com os produtores não terem gasto absurdos em publicidade com o filme. Também pudera, diante de tantas estrelas assim, quem deixaria passar esse grande filme? Voltando ao assunto, os números do filme realmente impressionam. Prenda-me Se For Capaz, lançado em 2002 nos EUA à exatas 24 semanas, ainda se encontra na quarta colocação dos filmes mais assistidos nos EUA. O filme já arrecadou cerca de 138 milhões de dólares. Só para você ter uma idéia, filmes como Chicago, Gangues de Nova York, As Horas, O Chamado e O Pianista nem chegaram próximos a essa quantia. Aliás, se somássemos todos as bilheterias desses filmes (com exceção de O Chamado, que também foi enorme), ainda assim o resultado final não seria um valor maior do que o filme de Spielberg já arrecadou até agora. A película somente é batida por nomes como O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (merecidamente), Harry Potter (a sensação “kiddy” do momento) e 007 (que em breve será ultrapassado por também).

Deixando os números pra trás, vamos voltar a falar do filme, e mostrar que ele realmente merece tudo o que conseguiu ao redor do mundo. Ele conta a história de Carl Hanratty (Tom Hanks – Náufrago, À Espera de um Milagre) e de Frank Abagnale Jr. (Leonardo DiCaprio – Titanic, A Praia). Hanratty é um agente do FBI que passou anos atrás de um famoso falsário que aplicava golpes em companhias aéreas, bancos, hospitais e enganava qualquer um quando bem entendesse. Frank Jr. chegou a descontar 2.5 milhões de dólares em cheques falsos, magistralmente bem feitos.

A edição do filme de fato é muito bem feita. Fugindo do padrão normal de se contar uma história (do início), Spielberg começa seu mais novo trabalho apresentando os dois personagens mais importantes do filme pelo seu final, não bem um “final”, pois ainda assim a historia se prosseguirá a partir dali mais tarde no filme. Em diversos momentos o diretor alterna as conversas do tempo passado ao presente momento, indo e voltando na linha do tempo do filme entre presente e passado.

Tom Hanks, um de meus atores favoritos, está bem muito bem no papel do sério e discreto agente do FBI Carl Hanratty. Infelizmente, durante Prenda-me Se For Capaz não podemos presenciar uma atuação brilhante sua como diversas vezes já vimos em outros tantos filmes. Entre outras coisas que contribuem para citamos a pouca expressividade de seu personagem e a identificação do público pelo personagem de Leonardo DiCaprio. O filme concorre a 2 (dois) Oscars esse ano: Melhor Trilha Sonora e Melhor Ator Coadjuvante – Christopher Walken, que faz o papel do pai de Leonardo DiCaprio. E essa indicação realmente foi merecida, Walken está perfeito no papel, não tão “cara-de-pau” quanto seu filho, mas com muito estilo também. O Sr. Frank Abagnale é um homem calmo e astuto, mas que infelizmente não contava com a sorte e com as perícias que seu filho mais tarde demonstraria ter. O relacionamento entre os dois é realmente intenso durante o filme, e muito mais que isso, é o motivo pelo qual Frank Abagnale Jr. quer regatar todo o dinheiro que uma vez seus pais tiveram... Podemos notar isso por diversas vezes nas cenas em que Frank Jr. dá um Cadilac a seu pai e em sua fala: “Vou reaver tudo, papai”.

Mas não será uma disputa fácil pelo Oscar. Walken concorrerá com vários outros grandes nomes que estiveram exímios também em suas atuações como Paul Newman em Estrada Para Perdição, Ed Harris por As Horas e John C. Reilly por Chicago; todos perfeitos! Além da surpresa Chris Cooper (Adaptação) ganhador do Globo de Ouro desse ano. A trilha sonora, ambientando o bom gosto de décadas passadas, foi composta por John Williams, um especialista em trilhas sonoras (já com alguns Oscars na bagagem) com filmes como Titanic e diversos outros no currículo.

Mas realmente uma pessoa rouba a cena em Prenda-me Se For Capaz, e essa pessoa é ninguém menos que seu personagem principal, a alma do filme, Leonardo DiCaprio, que pela primeira vez realmente encontra um papel que adapta-se como uma luva em suas mãos. Conciso, firme, corajoso, arrogante, ambicioso, cara-de-pau, menino... Enfim, há diversos pontos no garoto que traz o público a seu lado durante todo o tempo de projeção da película. Titanic, Diário de Um Adolescente, Gangues de Nova York... Todos filmes excelentes de DiCaprio, contudo, em nenhum desse ele chegou a ficar tão bem caracterizado quanto ficou com Frank Abagnale Jr. Suas cenas são muito bem feitas; duas em particular: logo no início do filme, quando o mesmo despista Hanratty pessoalmente no hotel e na cena em que Frank Jr. dá um cheque falso por uma noite com uma mulher, leva-a para cama e ainda recebe troco. Perfeito!

A direção de arte caprichou no filme. As roupas, maquiagem, os etilos da época... Você realmente vai se sentir transportado novamente as décadas de 60 e 70 enquanto estiver sob o “efeito do filme”. O roteiro não traz nada de excepcional, mas ainda assim diverte a quem assiste e se prende a ele. A direção de Spielberg é sutil, nenhuma obra-prima, mas por diversas passagens do filme podemos notar o dedo do diretor e seu bom gosto.

Finalizando, gostaria apenas de acrescentar que ainda não encontrei uma pessoa que realmente não tenha gostado do filme e tenha argumentado a favor disso. Prenda-me Se For Capaz é um filme para todas as pessoas de todas as idades e muito provavelmente todos irão curti-lo da mesma forma. Recomendamos! Ah, e não se esqueça: o mais surpreendente de tudo e que deixa o filme com um ar mais “cool” ainda é saber que é baseado em uma historia real, e os protagonistas se encontram vivos ainda hoje...

Comentários (2)

Renata Correia Nunes | sexta-feira, 14 de Junho de 2013 - 15:50

Esse filme é bem bacana, as atuações estão perfeitas, o roteiro é legal, só acho que o filme dura mais que o necessário.

Cristian Oliveira Bruno | terça-feira, 03 de Dezembro de 2013 - 21:32

Um show de direção de Spielberg. Um filme baseado numa história tão rica, conhecida e real como a de Frank Abagnale Jr., poderia render um thriler tenso e engenhoso, mas Spielberg a conta da forma mais divertida possível, sem perder a seriedade. Grande trabalho.

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