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Críticas

Cineplayers

Mais um ponto da Pixar. Procurando Nemo é belíssimo, divertido e contém uma ótima mensagem para crianças.

8,0

A cada ano a Pixar surpreende com suas animações computadorizadas. Esse ano não foi diferente, e Procurando Nemo apresenta os mesmos ingredientes de sucesso de seus antecessores; ou seja, animações de primeira qualidade, personagens carismáticos, piadas inteligentes e acima de tudo, uma aventura cativante.

O filme conta a história de Marlín, um peixe-palhaço que passa pelo trauma de perder a esposa e seus 400 filhotes (ainda em forma de ovas) após um ataque de uma barracuda, vivendo em um uma anêmona, na paz de um recife na costa australiana, tendo como companhia seu filho Nemo, o único sobrevivente.

Mas Nemo é um peixe deficiente, possui uma nadadeira defeituosa, o que o impede de nadar bem (ao menos é o que o pai acha), o que torna Marlín um pai exageradamente super-protetor. A jornada de Marlín começa quando Nemo é capturado por um dentista mergulhador, que o leva para Sidney, na Austrália, e o coloca em seu aquário. Mas o destino de Nemo é ser presenteado à sobrinha do dentista, Marla, uma criança psicótica, que, entre outras coisas, costuma chacoalhar o saco plástico onde estão os peixes até matá-los. A presença de Marla é hilariamente caracterizada com o fundo musical do tema de Psicose, de Hitchcock.

O filme se divide então em momentos em que Nemo e outros peixes do aquário bolam planos de fuga e  Marlín, que parte em sua busca, contando com a ajuda de Dory - uma peixinha que sofre de perda de memória recente, ou seja, esquece tudo segundos após os acontecimentos - através de perigos que vão desde água-vivas a ataques de gaivotas famintas.

Infelizmente o fundo do mar não propicia um ambiente tão vasto e detalhado quanto Monstrópolis de Monstros S.A., ou a cidade virtual e a loja de brinquedos de Toy Story, é detalhado sim, mas como o oceano deve ser, e em alguns momentos temos apenas a imensidão azul com um ou outro rochedo.

Mas o que falta em ambiente sobra em personagens curiosos, como Bruce, um tubarão traumatizado por não ter conhecido os pais, que freqüenta uma sociedade de auto-ajuda, cujo  lema é "peixes são amigos, não comida", para tentar acabar com a má imagem que sua espécie passa. E os cenários limitados do oceano também são compensados pelas belíssimas imagens da cidade de Sidney. Nesse momento é possível ver a evolução gráfica de Procurando Nemo sobre seus antecessores. Acredito que essas sejam as mais belas imagens em um filme da Pixar.

Mas como em todos os outros, os humanos não são tão convincentes quando os demais personagens,  que possuem inclusive melhores expressões faciais. Claro que são caracterizados pelo estilo do desenho, mas mesmo em Toy Story ou Mostros S.A, produções em que os humanos são retratados de forma mais realista, eles não eram tão convincentes. Talvez esse seja um ponto onde a Pixar precise evoluir.

Um ponto negativo do filme é que ele pode se tornar um pouco cansativo para crianças muito novas, pois, apesar da ação desenfreada, alguns pontos elas não conseguem compreender bem, como as cenas inicias do ataque da barracuda ao ninho das ovas, da forma como foi apresentada eliminou o impacto da cena e se tornou confusa, muitas crianças da sala pensaram que a esposa de Marlín havia ido embora com os filhotes. Acho que o apelo sentimental poderia ter sido melhor explorado. Mas independente disso, Procurando Nemo possui piadas que garantirão boas gargalhadas aos pequenos, mesmo eles não entendendo exatamente o sentido delas.

Procurando Nemo é um filme leve, que fala do amor fraternal, mas sem se tornar piegas ou melodramático. Fala da necessidade de confiança que um pai precisa ter em seus filhos, deixando-os se esforçarem para sair por si próprios de situações difíceis, fortalecendo assim sua própria personalidade – lição que Marlín aprende com uma tartaruga de 150 anos mas de alma  (e linguajar) puramente surfista e que Nemo aprende com um peixe de aquário que tem as mesmas deficiências que ele.

Procurando Nemo é um ótimo título, que certamente as crianças vão adorar, mas que cai melhor para pré-adolescentes, a partir dos 10 anos, que conseguem entender melhor algumas situações que passam ou são apresentadas pelos personagens. A dublagem é de ótima qualidade, como já é padrão da Disney. Mas na versão original é possível identificar alguns sotaques característicos dos habitantes da Oceania.

Antes de começar o filme, como é costume da Pixar, é exibido um curta de animação. Nesse é apresentado um curta criado antes de Toy Story, sobre um boneco de neve dentro de uma redoma de vidro. A qualidade gráfica não é tão boa quanto as anteriores, mas a história é bastante engraçadinha.

E também é apresentado um pequeno trailer de Os Incríveis, o próximo longa da Pixar para o ano que vem. As cenas mostradas deixaram a platéia de água na boca, certamente será um dos grandes títulos do ano que vem. A única coisa que faltou nesse título foram os erros de gravação, também comuns nas animações da Pixar.

A Pixar praticamente popularizou o estilo de animação computadorizada nos cinemas. Procurando Nemo tem tamanha qualidade que mostra que ela ainda esta um passo a frente da rivais Dreamworks e  Fox. Seus títulos tem arrecadações bem maiores que as animações tradicionais da sua distribuidora, a Disney, e teve a maior arrecadação para uma animação da história do cinema, com 70,6 milhões.

Agora parece que a parceria com a Disney esta chegando ao fim, inclusive correm boatos que a produtora estava em negociações com a Fox. Mas tudo ainda é nebuloso e incerto. Mas uma coisa é certa, o sucesso e a qualidade da Pixar vão fazer falta a Disney caso elas se separem. Pois a receita tradicional da Disney já não encanta como antes, e filmes como Atlantis e Planeta do Tesouro estão longe de ter a qualidade de pérolas como O Rei Leão ou A Bela e a Fera.

Em parceria com a Disney, com outra produtora ou mesmo independente, a Pixar mostra que ainda tem muita criatividade e bons títulos para apresentar, como os próximos Os Incríveis e Rota 66. E, ao contrário de sua atual distribuidora, cada título tem sido tão bom ou melhor que o anterior. Que continue assim.

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