Saltar para o conteúdo

Segredo de Brokeback Mountain, O

(Brokeback Mountain, 2005)
7,9
Média
854 votos
?
Sua nota

Críticas

Cineplayers

Um filme belo, que chega para consagrar de vez o estúdio independente Focus Features.

7,0

Até que para um filme "do Oscar", Brokeback Mountain tem umas coisas interessantes. É muito longo (quinze minutos a menos não fariam mal nenhum), casto e puritano, épico, grandiloqüente, "maior que a vida" etc. Tudo meio cansativo. Mas honesto. Não é o melhor filme do diretor, que continua a ser ainda Tempestade de Gelo.

Como foi dirigido por Ang Lee, o filme tem algumas sutilezas insuspeitas. Exemplo: na fotografia do filme, a montanha em questão, onde o bicho pegava, é quente, exuberante, colorida e imensa. A cidade, onde rolava a repressão, é aguada, em tons esmaecidos, claustrofóbica e decadente. Coisas que ajudam a perceber que tem diretor sensível por trás da câmera.

O engraçado é que a montanha vista no filme não é uma paisagem americana, mas canadense: fica na região de Alberta, na cidade de Calgary, nas Rochosas do Canadá – dá para ver os cedros nas cenas de neve.

O personagem de Heath Ledger, Ennis Del Mar, o caubói Malboro, veste-se em tons terra e roupas pesadas, enquanto o mais saidinho deles, Jack Twist, que é mais rico, usa cores mais alegres, como azul e amarelo. Ennis é o Velho Oeste; Jack, o Novo, cafona e texano novo-rico. Ennis, em língua indígena, quer dizer "ilha" – já o sobrenome do outro é "twist"... As  personagens falam com o sotaque carregado da região do Wyoming (o "get" torna-se "git", nunca pronunciam o "ing"), estado vizinho do Texas.

Heath Ledger, que é australiano, está excelente, inclusive no sotaque, Jake Gyllenhaal está o canastra simpático de sempre, Michelle Williams, uma das mulheres traídas está muito bem também.

No setor roteiro, estamos na área de escritores consagrados. Há uma citação a A Última Sessão de Cinema porque é passado na mesma região e porque um dos roteiristas, Larry McMurtry, é o autor do livro em que se baseou o mítico filme de Peter Bogdanovich. São do autor também O Indomável, que virou ótimo filme com Paul Newman, o lacrimejante Laços de TernuraOs Últimos Passos de um Homem. O homem já venceu o Oscar, o Emmy e o Pulitzer pelos seus 40 livros e 30 roteiros.

A autora do conto que deu origem a Brokeback Mountain, Annie Proulx, é canadense, estudou na Concordia University, de Montréal, e é dela Chegadas e Partidas, que virou filme detestável nas mãos do diretor sueco Lasse Hällstrom – o livro, no entanto, lhe deu o Pulitzer.

Há dois técnicos de 21 Gramas, o filme do mexicano Alejandro González Iñarritu: o diretor de fotografia Rodrigo Prieto (com todos os maneirismos da publicidade) e o músico Gustavo Santaolalla. Para as imagens do filme, recorreram às famosas fotografias de Richard Avedon dos anos 60, fotógrafo considerado um dos grandes na arte da "landscape" pelo crítico da  Time, Robert Hughes.

A chuva de granizo não estava prevista (claro) e foi incorporada às pressas, uma vez que o filme tem 80% das cenas em externas e, como foi filmado no Canadá, o frio não deu trégua. Segundo o material de imprensa, Ang Lee faz uma cerimônia para atrair boa sorte: todos tiveram que acender incenso e se inclinar para os quatro cantos. Não ajudou muito no quesito tempo, mas com certeza foi uma bênção nas premiações - exceto justamente o Oscar, pois foi batido pelo brega e eficiente Crash - No Limite.

Brokeback Mountain levou sete anos para ser levado às telas, pulando de produtor a produtor. Segundo o The New York Times, mesmo tendo perdido o Oscar, 2005 foi a consagração do estúdio independente Focus Features. Criado em 2002, é dele Encontros e Desencontros, de Sofia Coppola, que rendeu US$ 100 milhões em todo o mundo (a maior bilheteria do estúdio), O Pianista, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças, Diários de Motocicleta, Longe do Paraíso, À Beira da Piscina, 21 Gramas e, no ano passado, Flores Partidas, de Jim Jamursch, O Jardineiro Fiel  (distribuição nos EUA) e Orgulho e Preconceito, entre outros. A Focus é a unidade de filmes especiais da Universal Pictures e substituiu no mercado o papel que a Miramax tinha na produção de bons filmes.

Comentários (1)

ana paula mello | sábado, 04 de Outubro de 2014 - 15:09

Este é um tipo de crítica que parte do nada e vai pra lugar nenhum ! Há tanta coisa a ser dita sobre este filme e o Sr. Demetrius ficou dando dados técnicos que conseguimos encontrar em uma rápida pesquisa no Google. Como faço para mandar minha própria critica do filme ? Sim, porque aqui neste espaço reservado somente aos comentários não seria possível escrever tudo o que este filme merece.

Faça login para comentar.