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Críticas

Cineplayers

Diversão - e muitas besteiras - garantidas. Para os fãs de Jim Carrey apenas.

5,0

Quem já viu os filmes anteriores de Jim Carrey sabe também exatamente o que irá encontrar em Sim Senhor!: caretas, risadas, história bobinha para criar condições para que essa besteirada toda funcione. Então, por que ir ao cinema ver o que já vimos Carrey fazer várias e várias vezes? Porque diverte. Simples assim. Raciocine comigo: por que criticá-lo justamente por aquilo que o fez famoso, anos atrás, se ainda funciona? A resposta é bem mais simples do que podemos imaginar.

Esse mercado é cruel e pede sempre algo novo. Se ainda há público para seus filmes, é porque o gênero comédia ajuda muito nesse sentido e Carrey é competente no que faz. Com características sempre marcantes, a reciclagem é necessária, mas sem perder a identidade das obras. A questão é: até quando as pessoas comprarão suas risadas? Se você não se incomoda em ver a mesma coisa com outro tratamento, vá em frente, porque Sim Senhor! é engraçado. Mas se sua opção requer sempre um tempero novo, o algo a mais, economize a grana, ainda mais nessa época de Oscar (para quem ler isso no futuro, julgo que valerá o aluguel para uma sessão com amigos).

Até mesmo a premissa lembra outro trabalho de Carrey, O Mentiroso, de 1997 (que também analisei): Carl Allen (Jim Carrey) é um infeliz homem que resolveu se afastar dos amigos depois de uma separação não muito saudável. Ele trabalha em uma empresa de investimento, diretamente com os clientes, dizendo não para praticamente a todos os seus pedidos de empréstimos. Isso dura até o momento em que vai a uma palestra sobre auto-ajuda, que consiste em base a dizer “sim” para tudo o que lhe é proposto, afim de aproveitar melhor os dias e fazer de sua vida mais feliz. E toda essa palestra é feita satirizando as igrejas, cheias de luzes, hi-tech, microfone, amplificadores, sensacionalismo e show business.

Considerando a possibilidade de situações que poderiam ser criadas a partir disso, creio que podemos dividi-las em duas vertentes completamente diferentes: o fator comédia funciona, com algumas situações muito engraçadas e que provocam risadas até nos mais mal-humorados públicos, como por exemplo, a seqüência em que Carrey corre tirando fotos sob efeito de Red Bull; por outro lado, se olharmos pelo lado da construção do roteiro, percebemos uma falha grave do longa: ele é todo formado por blocos - apresentação do conflito / solução provisória / colhendo bons frutos / confusão pelo que poderia dar errado / redenção.

Esses blocos deixam o filme muito esquemático, previsível. De todas as coisas que poderiam dar errado dentro dessa proposta, há uma forçada de barra feia para que as coisas dêem tudo certo a um primeiro momento, para depois tudo o que poderia dar errado acontecer. Falta conflito, principalmente perante ao emprego que Carl tem: passando a aprovar todos os pedidos de empréstimo, o roteiro força a barra ao colocar tudo certinho demais: os propósitos das pessoas passam a dar lucro, todos ficam bem sucedidos, os pagamentos são feitos em dia... É um filme que não é para ser levado a sério, mas sendo justo e colocando-o ao lado de outras obras, essas coisas ficam evidentes.

Para quem não liga para essas “besteiras”, a diversão é garantida. Globalizando uma série de personagens cools (o chefe com cabelão à lá Al Pacino anos 70 destaca-se), o carisma funciona para atrair as pessoas para dentro do filme, mas uma olhada um pouco menos descontraída denuncia tudo o que foi dito acima.

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