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Críticas

Cineplayers

Após tanta espera, Os Simpsons ganharam um filme competente e divertido, apesar de ser mais do mesmo da televisão.

6,0

Foi uma longa espera. Os fãs da família mais politicamente incorreta (e bem-sucedida) da televisão americana finalmente poderão conferir o primeiro filme dos Simpsons, após uma grande gestação criativa por parte dos responsáveis da série, temerosos em preencher não só uma maior metragem – três vezes a duração de um episódio normal – como também o tamanho panorâmico da tela.

O enredo gira, obviamente, em torno do patriarca Homer, aqui com muito mais tempo para praticar as suas atrocidades ignóbeis. Ao jogar um silo cheio de excrementos de um porco, seu novo animal de estimação, dentro do lago da cidade de Springfield, ele acaba causando um grande desastre ecológico. O governo norte-americano então, sob as ordens do presidente Arnold Schwarzenegger (voz de Harry Shearer), resolve isolar a cidade com uma enorme cúpula, para fúria da população local. Sobra para o infeliz anti-herói e sua família, que acabam se refugiando no Alasca.

O espírito da série, de demolir a tudo e todos, já é sentido logo no prólogo, quando Homer faz piada sobre pagar para ir assistir no cinema o que pode ser visto de graça na tevê. Logo em seguida vemos Bart (que depois protagoniza o primeiro nu frontal da história da animação!) escrevendo no quadro negro a frase “Não farei download ilegal deste filme”, em uma engraçada ilusão à pirataria crescente de filmes via Internet e que vem causando enorme prejuízo à indústria cinematográfica. A sucessão de alvos inclui religiosos, paparazzos, homossexuais, racistas, Al Gore, o Live Earth, a agência norte-americana que controla a censura dos filmes, o excesso de merchandising e tudo o mais que você possa imaginar, dando um belo imediatismo a um roteiro que fora reescrito mais de uma centena de vezes.

Como um filme não se sustenta somente com piadas, há todo um subtexto sobre reconciliação familiar, típico também da série: após cometer todos os erros possíveis e se afastar da família, Homer passa a querer sua reintegração ao lar e, mais notoriamente, se reaproximar do filho. É quando os roteiristas pesam a mão – Bart chega a virar alcoólatra – e o longa-metragem perde bastante do seu bom ritmo até então.

O filme carece também de piadas genuinamente criativas. A grande parte delas é requentada ou óbvia demais. Alguns dos bons momentos são quando os integrantes da banda de rock Green Day, em participação especialíssima, são atacados pela platéia e naufragam ao modo Titanic por tentarem passar uma mensagem ecológica (e são velados por uma versão fúnebre de “American Idiot”, sucesso da banda); outro momento melhor ainda é quando os freqüentadores da igreja e do bar de Springfield trocam de ambiente mutuamente sob o risco de destruição da cidade. E não deixe de assistir aos créditos até o fim – tem piada até sobre cineastas! 

O diretor David Silverman, veterano da série, imprimiu belas transições entre as cenas (a do jornal com a Lisa estampada, que é encontrado no lago, é uma beleza), inseriu seqüências bastante cinematográficas (a cena do já referido nu do Bart; a câmera adentrando a população revolta de Springfield) e uma curtinha referência a New Orleans, quando alguns personagens tocam blues em um prédio em ruínas. A animação, tradicional, é bem parecida com a da tevê, com algum capricho a mais, especialmente na bela iluminação de cenários. Mas a sensação geral é de estarmos assistindo a um programa de TV mais longo.

Para finalizar, fico com a primeira frase proferida pela Maggie: “Seqüência?”.

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