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Críticas

Cineplayers

A máquina do tempo de J.J. Abrams.

8,0

Desde o começo, Super 8 (idem, 2011) foi vendido para o público em geral como um suspense com toques sobrenaturais. É bom deixar bem claro que disso ele não tem nada, e explorá-lo assim certamente terá suas conseqüências na recepção e na bilheteria. Totalmente inspirado nos clássicos oitentistas circundados pelo talento de Steven Spielberg, esta fita é praticamente um ‘resumo homenagem’ a tudo que veio daquela época, desde crianças embarcando sem intenção em uma aventura extraordinária até as teorias de conspiração do governo e militares com seres misteriosos. O nome de J.J. Abrams, o responsável pelo instigante seriado Lost, só serve para reforçar esta imagem equivocada da película, que provavelmente encontrará alguns espectadores reticentes no final.

Guardadas as devidas proporções, este trabalho lembra a situação de À Prova de Morte (Death Proof, 2007), de Quentin Tarantino; uma boa colagem de outros filmes formando uma história totalmente nova, mas nem sempre de proposta compreendida pelo público. A nostalgia é o combustível e a câmera o transporte, levando-nos de volta a uma época onde o clima, a construção e a conclusão do cinema pipocão eram bem diferentes – e quem não entender (ou não gostar) de onde Super 8 suga suas idéias, provavelmente não comprará também sua jornada. Mais ingênuo e aventureiro, abraça as lembranças de Abrams ao recriar, desde o título, suas inspirações de menino; sua cinemateca e os filmes em 8mm que fazia para concorrer nos festivais da cidade.

Esse é o ponto de partida para a história: Joe (o estreante Joel Courtney) é um menino que tem de conviver com a dura perda da mãe, morta em um violento acidente quatro meses atrás. O pai, um policial durão, tenta criar o menino a sua maneira, mas não leva muito jeito para a coisa. Joe tem um pôster de Halloween - A Noite do Terror (Halloween, 1978) na parede do quarto e está trabalhando em um curta com os amigos para participar do festival local de cinema. Durante uma de suas filmagens, eles acabam captando imagens de um acidente de incríveis proporções com um trem do exército que carregava uma misteriosa criatura, provavelmente da Área 51. É quando esta foge e estranhos acontecimentos começam a assombrar a cidade.

Mais uma vez, não se engane pelos trailers, pelos nomes envolvidos e muito menos pela sinopse: o filme é uma aventura com A maiúsculo, não um suspense sci-fi. Super 8 abraça suas inspirações dos anos 70 / 80 e se orgulha disso - não é a toa que Steven Spielberg é um dos produtores da fita, já que Abrams é um de seus mais fervorosos fãs. Não esperem por um novo Cloverfield - Monstro (Cloverfield, 2008), ou indo ainda mais na nata, um outro Tubarão (Jaws, 1975); a coisa está muito mais para Os Goonies (The Goonies, 1985) e Contatos Imediatos do Terceiro Grau (Close Encounters of the Third Kind, 1977) do que qualquer outra coisa. Super 8 é o sonho de uma criança realizado.

A ação é mais pueril e nostálgica do que estamos acostumados hoje. Há explosões, é verdade (e, nesse quesito, toda a seqüência do trem soa espetacular), mas o foco jamais é esse. O desenvolvimento é bobinho, clichê, mas a idéia é essa mesma; sente-se que o filme faz isso de propósito, que ele quer ser assim. Não há celulares (as crianças se comunicam por walkie talkies) e nem iPods (é o começo da era walkman), não há grandes combates, não tem muito tiroteio, não tem música eletrônica; o que temos são cabelões cheios, roupas apertadas e coloridas, o amigo gordinho, o doidinho e o mais burrinho, a menina que todos querem passear de mãos dadas, o drama familiar, a redenção final, luzes fortes contra a câmera, muita fumaça, trilha sonora com teclado... E as lágrimas, para quem se lembrar de como era sua infância. Amá-lo ou odiá-lo é mole, difícil é ficar indiferente.

Comentários (18)

Adriano Augusto dos Santos | domingo, 02 de Setembro de 2012 - 11:18

Super 8 é muito bem feito,mesmo seus "furos" de sobrevivência (divertidos por sinal).

Foi vendido de forma bem diferente do que é.

Lana Nascimento | quinta-feira, 01 de Agosto de 2013 - 00:45

Um filme divertidíssimo, entusiasmante. Altos risos ao ver o filme das crianças nos créditos! 😁

Carlos Henrique de Almeida Nunes | domingo, 27 de Outubro de 2013 - 23:33

Filme abaixo da média das obras de J.J. Abrams. Existem filmes \"homenagens\" bons como é o caso de Circulo de Fogo de Guilermo Del Toro, mas este é bem fraquinho. Gostar dele só porque faz lembrar de obras dos anos 80? É preciso mais do que isso pra dar 8,0 em filme.

Alexandre Carlos Aguiar | quarta-feira, 09 de Abril de 2014 - 10:36

Bom, filme, bem conduzido, mas o final tentou criar a magia de ET e o diretor se perdeu. Ainda assim, valeu á pena.

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