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Críticas

Cineplayers

Superman volta aos cinemas e agrada, ainda que não alce vôos mais altos.

7,0

Superman volta aos cinemas após quase vinte anos de ausência e, após dois filmes da série X-Men, Bryan Singer parece ter tomado gosto pelas adaptações de super-heróis. Ele demonstra ser um jovem cineasta apaixonado pelo que faz e que, graças ao sucesso de seus mutantes, conseguiu um orçamento absurdo para este novo filme. Atraiu também controvérsia com todo o falatório gay em torno da produção, uma bobagem, o filme é inofensivo até demais e talvez por isso esteja dividindo opiniões.

Em vez de refilmar a origem do personagem para as novas platéias como foi feito em Batman Begins, Singer decidiu acertadamente retomar os filmes de Richard Donner que marcaram uma geração. Estão de volta os mesmos personagens e a música tema de John Williams, um design de produção que evoca elementos visuais daquele filme e a nova trama que começa a partir dos eventos de Superman 2, ignorando as continuações inferiores. Astrônomos descobrem restos de Krypton no espaço e isso faz com que Superman (vivido pelo estreante Brandon Routh) viaje até eles em busca de alguma conexão com sua origem, um tema recorrente na série. Durante os anos da sua ausência, Lois Lane (Kate Bosworth) teve um filho e está noiva do sobrinho de Perry White, Richard (James Mardsen, o Ciclope de X-men), o eterno inimigo Lex Luthor (Kevin Spacey) arruma um jeito de escapar da prisão e dá um golpe do baú, herdando uma fortuna e partindo para a Fortaleza da Solidão na Antártida onde dará início a seu plano megalomaníaco.

Do elenco, meu único senão foi a escolha de Bosworth para Lois, ela é muito jovem para uma jornalista ganhadora do Pulitzer que ainda por cima tem um filho de cinco anos, mas no geral todos se saíram bem ainda que Kevin Spacey pareça ser o único que está se divertindo. Brandon Routh não se sai mal como estreante, carregando nas costas um filme desse tamanho, mas o papel não chega a ser um desafio e temo que Christopher Reeve ainda era mais competente em reforçar as diferenças entre Clark Kent e Kal-El.

Começa bastante bem, com várias notas nostálgicas e sugere, a partir de um artigo de Lois: "Porque o Mundo Não Precisa do Super-Homem", uma forte e interessante premissa que infelizmente cede lugar a um drama romântico um tanto arrastado, principalmente na segunda metade, o que acaba diminuindo todos os outros elementos. O principal problema com o romance se deve ao fato de que Superman é muito contido, não parece haver um forte sentimento, seja ciúme ou perda, apenas resignação. Se não é pra entrar a fundo nesses sentimentos eu preferia ver como o mundo iria reagir à volta do seu herói. Ao contrário do que fez com os X-men onde conseguiu aliar temas como discriminação à ficção e aventura, tornando os personagens mais interessantes e atuais, em Superman ele se contém em um filme mais familiar provavelmente devido ao altíssimo investimento do estúdio. Singer poderia ter se libertado um pouco dos filmes de Donner e buscado inspiração na verdadeira origem do personagem, os quadrinhos.

Apesar disso, Superman O Retorno é um espetáculo visual, algo que Singer ainda não havia demonstrado em seus filmes. Os planos e movimentos de câmera demonstram uma notável evolução na narrativa do cineasta, além de uma beleza plástica realçada pela primorosa direção de arte e os efeitos especiais mais caros que Hollywood pôde comprar. O filme possui vários bons momentos, alguns que irão trazer de volta a nostalgia dos trintões que viram o original no cinema quando criança. Com duas horas e meia de filme, só pedia um roteiro mais enxuto para entrar para a história.

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