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Críticas

Cineplayers

Brilhante história de amor e liberdade de expressão.

9,0

Não adianta olhar pra Hilton Lacerda, esse novo Hilton, o recém nomeado diretor Hilton, e procurar traços do cineasta Cláudio Assis. Nada mais óbvio do que conectar uma trajetória à outra, já que os roteiros de Assis sempre foram assinados por esse brilhante roteirista. Essa é a fala dos infames, dos injustos, dos que não queriam necessariamente ver o despertar de um novo cineasta, mas um embrião reciclado de uma carreira já estabelecida. Rasteira, teu nome é Hilton Lacerda.

Não contente de ir na contramão da ferocidade do amigo e mentor, Lacerda inaugura um lado romântico e doce na fina flor da efervescência artística do Recife atual, que explode em talento bruto. Lacerda observa as mesmas diferenças com que seu estado tem abrilhantado a cinematografia nacional, mas dando um recorte lírico e passional, uma brisa que refresca mesmo quente.

Ao lado do neo cineasta, a vontade de explorar a cena recifense dos anos 70 e o embate político-cultural 'Estado x desbunde', com base em observações reais sobre personagens, lugares e situações modificados com o intuito de criar cinema. E que cinema!

Vigoroso no papel, Lacerda agora mostra lente ousada e inquieta ao nos apresentar o Chão de Estrelas e sua trupe, liderada por Clecio. Teatro mambembe, show revolucionário e transgressor, apresentações musicais, esquetes irônicas sobre as coisas ao redor, no Chão de tudo pode. Até a chegada de um representante das Forças Armadas na figura de Fininha, um jovem soldado que cai de amores por Clecinho, como gosta de ser chamado. Todos os ângulos dessa paixão arrebatadora, toda a explosão de vida daquele palco, tudo vai ser captado por Lacerda.

Ao seu lado em talento está Ivo Lopes Araújo, que garante um dos trabalhos fotográficos mais impressionantes de 2013. Na frente das câmeras, a revelação Jesuíta Barbosa, o eclipse Rodrigo Garcia e Irandhir Santos, o homem, o cara, o maior ator nacional hoje. Toda essa gente e muitas outras tão talentosas quanto pra contar de forma brilhante uma história de amor e liberdade de expressão, que nasce nos anos 70 e reverbera agora.

Comentários (42)

Francisco Bandeira | quarta-feira, 20 de Novembro de 2013 - 23:17

Kadu, o cinema mostra muito sobre esses assuntos... Me pediram hoje uma recomendação de filme para mostrarem no dia da Consciência Negra... Recomendei \"Mississipi em Chamas\", do Alan Parker, pois tem uma \"verdade\" no filme e belas frases, que mostram o impacto do racismo! E por isso eu citei Milk, pois é bem direta e honesta a mensagem que o filme passa, assim como \"Antes do Anoitecer\", com o Bardem!

Rodrigo Torres | quinta-feira, 21 de Novembro de 2013 - 03:05

Que coisa linda! E vi 78 comentários, e fiquei ainda mais maravilhado. Logo percebi que o terceiro se tratava de um comentário de um ¨&%#$@, totalmente *!¨!%#°, o que me fez voltar pro texto e me sentir ainda mais satisfeito.

O motivo? O orgulho de ver um grande texto (apesar de sucinto, cirúrgico, e que exala a sensibilidade que às vezes falta por aí), de alguém que tanto tem a acrescentar ao Cineplayers. Muita vontade de te ver, discutir e aprender cinema contigo e, o principal: escrever. Obrigado por esse texto!

Raphael da Silveira Leite Miguel | quinta-feira, 21 de Novembro de 2013 - 19:20

Achei o texto um tanto quanto curto mas muito bem escrito, pra mim faltou um desenvolvimento da obra em si.

E também concordo com a maioria: inibir o homossexualismo nos tempos de hoje e com esse vasto conteúdo cinematográfico de qualidade sobre, é retroceder no tempo.

Carol L. | quarta-feira, 04 de Junho de 2014 - 02:48

Adorei o filme! Leve, engraçado, com ótimos personagens e atuações idem! O cinema brasileiro precisa de mais filmes como esse!

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