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Críticas

Cineplayers

A cilada pós-Vingadores.

6,0

Ao contrário de praticamente toda a massa que foi assistir a Thor (idem, 2011), eu curti o filme. O tom Shakesperiano da briga em família, com um personagem que não esconde ser um super-herói provindo de um mundo muito mais fantasioso do que o nosso, indo na contramão dessa tendência atual de deixar tudo o mais realista possível, demonstrou ser rico o suficiente para atrair a atenção para Asgard e toda sua beleza provinda de uma abordagem diferente de Capitães Américas e Homens de Ferro da Vida, mais próxima das HQs em si. Afinal, estávamos falando de um Deus, do único personagem a compor o grupo de Os Vingadores (The Avengers, 2012) a não ser da Terra, o que, por si só, já deixa toda a sua história completamente diferente dos demais integrantes. Não a toa que a ameaça que necessitou reunir todos aqueles heróis não veio desse mundo, e sim do irmão invejoso de Thor, Loki, que queria destruir a Terra. E é exatamente deste ponto que Thor: O Mundo Sombrio (Thor: The Darkest World, 2013) começa.

De volta à Asgard, Thor (Chris Hemsworth, novamente tirando suspiros do público alvo) entrega seu irmão Loki (Tom Hiddleston) para o pai, Odin (Hopkins), para que seja julgado pelos crimes cometidos durante os eventos vistos em Os Vingadores. Posteriormente, enquanto Thor luta para trazer a paz novamente para os nove reinos, uma raça ameaçadora antiga liderada por Malekith (Christopher Eccleston) retorna de um longo hiato para tentar devolver o universo às trevas. É óbvio que o roteiro dá um jeito ultra forçado de colocar novamente a cientista Jane Foster (Portman) na história, quando esta, logo ela, do nada e de todas as pessoas do mundo, está no lugar errado e na hora errada para passar a ser o ponto chave que Malekith precisa para alcançar o seu objetivo. Claro, né?

Não é exagero algum dizer que esta é a real sequência de Os Vingadores, pois enquanto Homem de Ferro 3 (Iron Man 3, 2013) voltou a contar uma história intimista de Tony Stark, é em Thor 2 que vemos a sequência dos acontecimentos da história principal que foi contada por lá. A Terra volta a sofrer real perigo, com um inimigo muito mais forte do que foi visto antes e que realmente pode dar fim não apenas a ela, mas a toda uma parte do universo – e aí vem o questionamento óbvio da cilada armada após a reunião, “por onde estariam os outros heróis para ajudar Thor?”. O filme toma um rumo inteligente e conta boa parte de sua história fora da Terra e, quando vem para cá, é em um lugar distante e por pouco tempo, o que deixa claro que simplesmente não daria tempo para que ele recebesse qualquer tipo de ajuda.

Mas não adianta, vai ser cada vez mais difícil acreditar que os heróis, em seus filmes individuais, estarão passando por perigos reais depois da ameaça tanto de Thor 1, quanto de Os Vingadores e agora de Thor 2. Não é muito arriscado dizer que nada do que possa vir daqui para frente supere situações tão gigantescas quanto as que acontecem aqui, o que acabou deixando o filme mais divertido, maior e mais ambicioso também. Thor é um personagem relativamente óbvio, mas Odin tem seus momentos e Loki, como esperado, rouba a cena por vir dele justamente as partes mais imprevisíveis. É uma pena que o filme, para manter o maior público possível, não tenha tido a coragem de mostrar sangue perto da violência que propõe. Convenhamos, com inimigos tão brutais e sanguinários, fica difícil aceitar que não é vista uma gota vermelha sequer durante toda sua projeção. No máximo um machucadinho aqui ou ali.

Mas Thor: O Mundo Sombrio é maior e melhor do que o seu anterior. Com cenas de ação mais interessantes, um mundo melhor explorado (vemos várias partes e vários equipamentos diferentes de Asgard) e com a comédia chegando precisa e em grande quantidade, vai ser difícil encontrar dessa vez alguém que goste do gênero e que não se sinta satisfeito com o que o filme tem a oferecer. Por boa parte de sua duração segue um caminho óbvio, mas vale citar também que volta e meia o roteiro dá uma de engraçadinho e contraria as expectativas do público, o que chega a ser surpreendente. Não tem o tom de tragédia do anterior, mas é um filme de ação / aventura competente no que se propõe, também no aspecto técnico, que resgata um pouco o ar de filmes de heróis dos anos 80, com luz, fumaça e cores vibrantes para diferenciar locais diferentes do padrão visual da Terra.

Vale o ingresso e talvez uma pipoca.

Comentários (11)

Raphael da Silveira Leite Miguel | terça-feira, 05 de Novembro de 2013 - 01:16

Ótima crítica, sucinta e objetiva. Parece que o que estava planejado pra ter em HF3, aconteceu justamente aqui com Thor, talvez um dos filmes de herói-solo que mais críticas recebeu no primeiro.

Ponto para a Marvel e agora dá pra ter esperança de algo bom com Capitão América 2 e Guardiões da Galáxia.

Darlan Pereira Gama | segunda-feira, 18 de Novembro de 2013 - 11:34

Vi ontem e gostei principalmente das piadas a do capitão america foi muito foda e o desfecho tbm muito bom. Nota 7

Alexandre Barbosa da Silva | quinta-feira, 21 de Novembro de 2013 - 06:52

Ansioso pra ver esse filme! Ótimo texto Cunha. Só um head\'s up: O no me do Christopher Eccleston não está listado nos crédito aqui no Cineplayers!

Luiz Phillipe Lameirão Côrtes | sexta-feira, 07 de Fevereiro de 2014 - 22:52

Detestei esse filme. Saí do cinema com meia hora de projeção quando a namorada do Thor encontrou sem querer do nada o \"Aether\" que estava tão ultramegapowerhipersuper escondido há milênios que nenhum bandido do universo jamais havia encontrado. Pelamor, isso não é história, é subestimar as HQs.

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