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Críticas

Cineplayers

Um filme que não é tão engraçado quanto os outros de seus criadores, mas ainda assim bacana.

6,0

Adoro o gênero da comédia pastelona, especificamente daquelas que acontecem piadas absurdas, geralmente parodiando diversas situações, algumas até despregadas ao tema central do filme. Depois de Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu!, o triângulo especialista no assunto, formado por Jim Abrahams (Top Gang!), David Zucker (Corra Que a Polícia Vem Aí) e Jerry Zucker (Tá Todo Mundo Louco) uniu-se novamente para realizar Top Secret – Superconfidencial. Será que eles acertaram novamente?

Pegando carona na luta na antiga Alemanha Oriental, conhecemos a história de Nick Rivers (Val Kilmer), um cantor em franca ascensão nos Estados Unidos, que é chamado para cantar em um festival no país, junto de muitos outros artistas do mundo. Só que, na verdade, esse festival nada mais é do que um pano de fundo para que um plano maléfico de bombardeiro a submarinos inimigos aconteça pelos malvados estrategistas alemães. Durante sua viagem, ele acaba se envolvendo com Hillary (Lucy Gutteridge), uma linda jovem da resistência, que o deixará ainda mais inserido em toda essa confusão política.

Em meio à essa confusão toda, o filme aproveita a oportunidade para várias tiradas políticas, como por exemplo a crítica clara ao então presidente Ronald Reagan, além de vários outros tiros para todos os lados - até mesmo A Lagoa Azul entra na roda! Característica do cinema dos autores, as piadas constantes, geralmente trabalhando com a contra-expectativa do público e o absurdo, aqui estão em menor número; e, apesar de sempre inteligentes, ficam abaixo da expectativa e até do seu propósito – elas se propõem a serem uma sátira aos filmes de espionagem, onde tudo era levado muito a sério, mas falta piada para isso.

Elas são engraçadas, mas a gente sempre fica na expectativa da próxima, algo que acontece em bem menos freqüência do que os demais filmes. O que sobra é um certo momento de tédio entre uma e outra, o que ocasiona um péssimo aspecto ao filme. As pequenas tiradas, que geralmente acontecem no fundo – outra característica marcante no cinema dos autores – aqui são em número muito reduzido, o que causa justamente essa sensação de vazio cômico. Pelo menos, quando acontecem (lembro-me do homem pulando na árvore, visto do trem), são extremamente engraçadas.

Ainda assim, há os seus grandes momentos. O que dizer, por exemplo, da inesquecível seqüência que parodia os westerns, só que debaixo d’água? E as partes musicais, que sugam tudo dos filmes de Elvis? E a parte da vaca, o que é aquilo, meu Deus? E as brincadeiras com perspectivas, como o olho do integrante da resistência ou o telefone dos alemães? E a genial tirada com Pac-Man, que naquela época já era tão conhecido?

Val Kilmer, novinho e em seu filme de estréia no cinema (havia feito apenas um outro, para a televisão), brinca de um lado para o outro com seu bom jogo de cintura, mas falha justamente naquilo que lhe marcou a carreira inteira: a falta de expressão; fora que ele não tem um tom cômico muito afiado, o que o prejudica consideravelmente nesse papel. Há ainda participações de nomes importantes do cinema, como Omar Sharif (que trabalhou com David Lean em Lawrence da Arábia) e Peter Cushing (que trabalhou em uma série de fitas de horror ao longo de toda a sua carreira).

É importante dizer ainda que, para gostar desse tipo de filme, você tem que entender as referências – e, acima de tudo, ter extremo bom humor, principalmente no que se trata de humor negro. Encaixando-se nos pré-requisitos para a diversão, você vai rir para caramba, mesmo que menos do que os demais filmes dos cineastas. Como uma besteira descompromissada e, principalmente, como estudo de um gênero que já não é mais tão inteligente como antes, vale a pena. Agora, se você for esperando algo mais, é melhor procurar outros títulos.

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