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Críticas

Cineplayers

Lembrando os filmes antigos do diretor Woody Allen, Trapaceiros é mais uma de suas boas comédias.

6,0

Muitos criticam, não gostam, metem o pau em seus filmes... Mas é inegável, Woody Allen é um ótimo cineasta. Talvez um dos últimos da safra que ainda fazem filmes como antigamente. Onde o que vale é um bom roteiro, ótimos atores e direção impecável.  Trapaceiros segue essa receita, e o resultado é um filme leve e despretensioso. Ideal para  um relaxar de uma semana tensa e estressante.

O filme conta a história de Ray Winkler (Woody Allen), um lavador de pratos e ex-presidiário. Um fracassado que sonha em fazer o maior roubo de sua vida. E sua oportunidade está ali, em sua própria cidade. À poucos quarteirões de sua casa. Um banco, que fica atrás de uma pizzaria que está vazia, disponível para alugar.

O plano: alugar o local e cavar um túnel até o cofre do banco.

Um plano simples e perfeito. Ele só precisa convencer sua esposa Frenchy (Tracey Ullman), uma manicure pés-no-chão, que se nega veemente a entregar toda suas economias nas mãos de um grupo tão desqualificado quanto o que seu marido formou. Vencido o primeiro obstáculo segue-se o plano: alugar a pizzaria, que se transformaria em uma loja de cookies (a única coisa que Frenchy sabe fazer bem). Enquanto ela venderia os cookies o grupo de pretensos assaltantes ficariam na cozinha cavando o túnel. Isso garantiria a movimentação necessária sem levantar suspeitas.

Tudo ia bem até que acontece o inesperado. Os cookies de Frenchy fazem tanto sucesso que chegam a repercutir na mídia. E a fortuna acaba vindo de forma inusitada. Fim do filme? Não! Na verdade aí que ele esta começando. A segunda parte foca a mudança de estilo de vida dos personagens e o quanto isso reflete em suas personalidades. E quais as conseqüência disso.

Como na maioria dos filmes de Woody Allen, Trapaceiros toca na essência dos personagens, de forma critica e cômica. Como uma mudança de vida não é tão simples como muitos imaginam. E principalmente, os perigos de se conseguir algo muito desejado estando despreparado para isso. O resultado pode não ser exatamente o esperado... Como eu comentei, Woody Allen é um bom cineasta, e o que o torna um bom cineasta é sua grande competência em escalar os atores certos para o papel certo, a música certa no momento certo e principalmente, diálogos desenvolvidos na medida certa.

Para um filme ser grandioso não é preciso ter orçamento milionário nem uma chuva de efeitos especiais. E em Trapaceiros, Woody Allen mostra mais uma vez que é possível fazer um bom filme com um roteiro simples, contanto que os diálogos sejam muito bem trabalhados. E diálogos afiados, Trapaceiros tem bastante (talvez não tanto como em alguns outros filmes de Allen e também nem tão intelectualizados), principalmente na primeira metade do filme, que envolve o roubo ao banco.

É uma pena que da segunda metade em diante os diálogos esfriam um pouco. E não apenas os diálogos, os personagens mesmo não parecem tão a vontade quanto no início. Dando ao filme, mostras de irregularidade.

Trapaceiros é um filme leve e agradável. E, como tudo que é agradável, passa rapidamente. Talvez ele ficasse melhor se tivessem prolongado mais a parte do roubo. Da segunda metade em diante, o filme ainda ganha a presença de Hugh Grant, que, apesar de não se destacar muito, desempenha seu papel com competência. Aliás, são poucos os personagens que chegam  realmente a se destacar no filme. Talvez, o maior destaque do filme seja Tracey Ullman, que conduz muito bem a personagem Frenchy. Desde suas desilusões até seu desejo de pertencer a alta sociedade da cidade.

E para finalizar, o filme tem Stompin at the Savoy como fundo musical. Um prazer a mais para os amantes de um bom jazz, ou mesmo para quem não é familiarizado. Pois a música, sempre executada no momento certo, certamente ficará gravada na memória. E bastará ouvir uma versão dela para relembrar as cenas e paisagens do filme (que, aliás, é rodado em Manhattam; lugar onde Allen costuma trabalhar e produzir grandes pérolas, como o ótimo Manhattam).

Trapaceiros não é (e está longe de ser) o melhor trabalho de Woody Allen. Mas garante horas agradáveis e boas risadas. Certamente vale uma locação. Um filme despretensioso, que lembra bastante filmes antigos. Mesmo tendo sido filmado em 2000.

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