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Críticas

Cineplayers

Terror gore peca por não ter tensão suficiente para deixar o espectador nervoso. Roteiro risível.

4,0

É incrivelmente complicado começar a falar sobre Turistas sem cair no lugar-comum, repetindo as mesmas coisas que se aplicam também a filmes recentes do terror como Viagem Maldita, O Massacre da Serra Elétrica (as refilmagens), O Albergue e tantos outros. O objetivo do filme é o mesmo: conquistar público através do excesso de sangue. Embora aqui haja apenas uma ou duas cenas realmente escabrosas e este não seja o filme mais violento lançado recentemente, não há como negar esse objetivo.

Tendo como cenário de fundo um país quase todo errado – o Brasil – Turistas diferencia-se dos filmes supracitados, de forma positiva, pelo menos sob um aspecto: o motivo pelo qual os vilões realizam a carnificina é mais bem justificado do que somente o padrão “maníaco ou família de maníacos mata sem motivos”. Os turistas são mortos para a retirada de seus órgãos e, apesar da crueldade demonstrada não ter motivos justificados, os fins têm um tom até romântico (“Vamos mandar os órgãos para um hospital público”). Ainda assim, é muito pouco para que o roteiro possa ser considerado qualquer coisa melhor que medíocre.

Os jovens continuam tão estúpidos como manda o figurino do gênero: atrás de sexo, drogas e bebidas, eles não se importam em se descuidar, ainda que estejam em um lugar desconhecido e com pessoas que nunca viram antes na vida. Já os vilões estão tão estereotipados como sempre: o médico que realiza as operações é tão estúpido com seus serventes que o filme adquire tons engraçados quando deveria amedrontar ou chocar, como em uma cena de assassinato a céu aberto envolvendo um palito (!?).

O maior problema de Turistas, porém, não é sua violência injustificada, nem os jovens estúpidos e nem os vilões estereotipados. Ao contrário dos filmes citados no início desta crítica, aqui não há muita preparação para o que todos já sabem que vai acontecer desde o início. Não há um clima sendo preparado em momento nenhum (talvez somente logo antes do terror chegar de fato). Bem pelo contrário: imagens mostrando a diversão dos jovens (o funk erótico) e uma trilha sonora animada demais simplesmente estragam qualquer tentativa de se criar clima. Culpa da direção descuidada de John Stockwell, que deve ter achado que somente o tema e o cenário isolado já seriam suficientes para propiciar arrepios, o que, obviamente, não ocorreu.

No finalzinho, há uma perseguição de vida ou morte no mesmo estilo que O Albergue teve, só que ao contrário daquele filme, não houve uma preparação para que pudéssemos nos importar realmente com o destino dos jovens envolvidos. Aliás, a sensação geral de Turistas é essa, um filme atropelado e sem um acabamento cuidadoso. Possui momentos divertidos e cenas que, se não podem ser consideradas inovadoras dentro do gênero, pelo menos prendem a atenção. Mas é muito pouco para um filme que se dizia ser o mais assustador desde O Albergue. Eli Roth destrói Stockwell por larga margem.

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