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Críticas

Cineplayers

Filme repete a velha conversa das mulheres como sonhadoras e dos homens como ogros irrecuperáveis.

5,0

Não sei que pessoas inspiram os personagens das comédias românticas atuais. Foi-se o tempo em que as mocinhas se botavam casadoiras desde os primeiros suspiros da puberdade e os homens lutavam com unhas e dentes para manter a fama de mal.

Em A Verdade Nua e Crua parece que esses tipos andam apenas mascarados: sob a figura da competente produtora de TV Abby Richter (Katherine Heigl) se esconde uma solteirona bonita que espera pelo homem perfeito enquanto carrega na bolsa uma lista de 10 itens essenciais para serem ticados a cada encontro, além de imprimir o perfil do date, retirado estrategicamente de alguma rede social. Do outro lado do ringue, um apresentador de TV controverso e machão queima livros de auto-ajuda ao vivo e desmancha os sonhos de mulheres indignadas, ao mesmo tempo em que cultiva valores familiares, como ajudar a irmã solteira a cuidar do sobrinho.

Se o romatismo saiu de moda há várias temporadas, porque as comédias românticas ainda fazem sucesso? Ou melhor, porque a guerra de sexos é interpretada sempre sobre esse enfoque da diferença de perspectivas de mundo, colocando-se mulheres e homens em cantos opostos do ringue? Abby e Mike (Gerard Butler) não vieram até aqui pra nos responder essa pergunta e sim para reafirmá-la.

Mike Chadway transforma seu programa em sucesso de audiência e vê sua carreira alavancada por esse personagem do macho incorrigível que repete aos quatro ventos o que algumas mulheres não gostariam de ouvir: imagem é tudo e um bom sutiã é melhor do que qualquer tagarelice sobre gatos, vida a dois e bons vinhos. Considerando que Butler tenha personificado o modelo do macho ocidental clássico – o espartano de 300 -, digamos que ele venha refinando esse tipo a ponto de conseguir representá-lo em qualquer período histórico. Seu carisma carrega o lado mais bacana do filme: ele parece ter encontrado na comédia seus melhores papéis, vide o último de Guy Ritchie, Rock’N’Rolla.

Já Katherine Heigl não consegue transparecer a sua própria simpatia em Ligeiramente Grávidos (filme que muitos anunciaram como a salvação das comédias nos anos 2000) e tampouco se aproximar da engraçada Meg Ryan de Harry e Sally ao fingir um orgasmo. Mas acho, nem dá pra reclamar de Katherine: dirigida pelo cara que esteve a frente do sucesso do primeiro filme da franquia Legalmente Loira, Robert Luketic coloca a loira deste novo filme em situações realmente embaraçosas de serem interpretadas.

Ainda assim, se você  gosta de rir de si próprio e de seu (sua) namorado/namorada, vale a pena comprar um saco duplo de pipoca e puxar o consorte pra uma ida descompromissada ao cinema. A cena do elevador, quando Abby e Mike largam mão de pensar sobre esse negócio da coexistência entre orgulho e amor, é fofa.

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