Saltar para o conteúdo

Críticas

Cineplayers

Um filme artisticamente bom (mas limitado) atrapalhado em parte pela história enrolada.

6,0

Baseado em fatos reais e adaptado a partir do livro escrito pelo próprio personagem principal, Clifford Irving, que recebeu uma interpretação acima da média de Richard Gere (o ator até está cotado para algumas premiações em 2007/2008), O Vigarista do Ano é um trabalho decente que nos remete a outras comédias recentes como Os Vigaristas (meio óbvio, não?) e Prenda-me Se For Capaz. É o cidadão comum tentando conquistar o sonho americano através de atos ilícitos.

O diretor Lasse Hallstrom deu tratamento de filme de arte a The Hoax (nome original, que em português quer dizer "fraude"), com fotografia bem cuidada e acabamento primoroso. Os atores também estão muito bem, o elenco é fortíssimo, incluindo Alfred Molina, Julie Delpy (mais bonita do que nunca) e Marcia Gay Harden. Na realidade, O Vigarista do Ano é mais pompa do que conteúdo. A história é bastante embaralhada, sobre um sujeito nos anos 1970 que prometeu escrever o "livro do século", sobre Howard Hughes, mas como não tinha como se aproximar do multi-milionário foi empurrando os editores e todo mundo com a barriga. No final, quando descobriu-se que o livro era forjado, veio o escândalo que o deixou famoso.

Há um número enorme de personagens e o roteiro nem sempre sabe exatamente como lidar com todos eles. Quando fica focado no relacionamento entre Irving e seu amigo Dick (Molina), o filme é melhor. Pelo menos o diretor conseguiu fugir um pouco do sentimentalismo de seus filmes anteriores (Um Amor para Recomeçar, Chegadas e Partidas, isso sem contar o malfadado Regras da Vida) e só em alguns momentos ele adquire esse tipo de tom, principalmente em cenas envolvendo o relacionamento instável de Clifford e sua esposa (Marcia Gay Harden).

Richard Gere, humano como é, começa finalmente a mostrar os sinais do tempo, mas talvez passaremos a conhecer a melhor fase de sua carreira, longe do estereótipo de galã de meio idade que conquistou nos anos 1990. Sua interpretação em The Hoax é sólida e exigiu bastante do ator, pois Clifford é quase um esquizofrênico, que tentava entrar na mente de Hughes em busca de material para seu falso livro. O resto do elenco, principalmente os nomes citados mais acima, também garante riqueza aos textos. Pena que o papel de Julie Delpy tenha sido tão pequeno.

A recriação da década de 1970 ficou muito boa, ajudada pela fotografia envelhecida (está em moda, dá um tom mais realista), remetendo ao recente sucesso de David Fincher Zodíaco. O ritmo proporcionado pelo diretor Lasse nem sempre é o melhor, às vezes o filme cai muito e torna-se simplesmente desinteressante, por mais empenho que Gere tente colocar em sua interpretação de Clifford. Mas o diretor já é experiente e se não consegue fazer um filme totalmente agradável, pelo menos construiu um trabalho bonito e cuidadoso. Bom, mas fica por aí.

Comentários (0)

Faça login para comentar.