"Amigos entram e saem de nossa vida como garçons num restaurante." - Gordie
Quantos grandes amigos passaram por sua vida? Quantos continuam nela?
“Conta Comigo” nos trás a jornada de quatro grandes amigos que saem em busca da aventura de suas vidas. Procurar o corpo de um menino desaparecido.
O que menos esperavam é que a aventura seria algo maior...
A incrível adaptação fora baseada em uma obra de Stephen King, sempre conhecido pelo público em geral pelas obras de horror. No entanto, por mim, ele sempre será lembrado por suas obras mais singelas e a qual a temática não é o horror, mas a descoberta pessoal. E é a esse grupo ao qual “Conta Comigo” pertence, ao lado de À Espera de Um Milagre e Um Sonho de Liberdade.
Gordie o menino normal, Chris o valentão, Teddy o maluco, e claro, a sempre vítima das brincadeiras dos amigos, Vern(o) o gordinho são os quatro integrantes do grupo. Não é coincidência que ao lembrar-se da própria infância você se identifique com ao menos um dos personagens. Sabendo disso, o diretor com extremo cuidado com cada personagem foca exatamente na personalidade e característica de cada um deles nos primeiros 5 minutos de filme, o que por óbvio faz com que você crie empatia com o grupo. A partir dali você não será mero espectador, mas lembrará com saudosismo dos bons momentos da infância.
Ao descobrirem que um menino sumiu e estaria possivelmente morto, o grupo resolve ir em busca do corpo, e que apesar da futura e certa punição dos pais, eles seriam conhecidos em todo país, famosos por tamanho feito.
E é nessa viagem que conhecemos a fundo não só cada um dos personagens, mas a força da amizade. A sintonia e química entre os atores mirins é algo pouco visto no cinema. A sensibilidade da direção em nos trazer os problemas pessoais de cada um deles, e ao mesmo tempo contrastar com os momentos mais bobos e engraçados de estar entre amigos é o ponto mais forte do filme. Gordie é frágil porque perdeu o irmão, Chris é o que se comporta como adulto, sofre com os problemas dos amigos e os protege a qualquer custo, Teddy é vítima de um pai que o odeia e Vern é medroso. É nessa dualidade de circunstâncias que o diretor deixa explícito seu objetivo e nos traz um dos mais belos diálogos do filme: os problemas e dúvidas em contraste à inerência da infância, o prazer em coisas simples. Gordie e Chris conversam sobre a morte, e mais à frente Vern e Teddy conversam sobre quadrinhos.
Mas nesse caminho, encontramos o “vilão” do filme, o que acaba sendo justamente o estopim das atitudes de lealdade entre o grupo. Ace é o garoto mais velho que oportuna os mais novos, buscando de qualquer forma provar que é poderoso. E quando o mesmo confronta o grupo, cada um age de maneira própria a fim de proteger os amigos, mesmo que às vezes alguém fuja, não é Vern?!
Ao fim da jornada temos a maior surpresa de todas, a reação dos personagens ao finalmente encontrarem a morte com os próprios olhos, e ali amadurecerem anos em questão de minutos.
É uma obra-prima, que apesar da simplicidade da trama se mostra complexa ao tentar compreender a fase mais importante das nossas vidas, a infância. E com um requinte à mais para tal obra, menciono a linda trilha sonora com a música homônima, Stand By Me de Ben E King. Obrigatório para os amantes do cinema.
Em sua cena final, Gordie já velho se pergunta : “Embora eu já não o visse a mais de 10 anos sei que terei saudades dele para sempre. Eu nunca mais tive amigos como os que eu tive quando tinha 12 anos. Meu Deus, e alguém tem?”
Remeto então à pergunta do título. Pois assim é a vida, ela nos dá amigos especiais para cada momento dela, e que apesar do contato inexistente durante anos, ficamos com a lembrança de que cada um foi importante para aquele momento.
Um filme para ser sentido..
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