Eu já vi muito filme em salas que já não existem mais. Vi também seriados e os chamados filmes B nas décadas de 40 e 30. Para aqueles que acreditam na minha não existência (talvez devido à idade, mas mais por intolerância mesmo) também sei que esse demoniozinho estadunidense apreciava os chamados filmes duplos dos anos 70 e 80. E sei também que esse filme foi exibido em terras americanas junto com Planeta Terror de Robert Rodrigues.
Stuntman Mike um antigo dublê dirige um antigo automóvel reforçado. Ele assassina jovens garotas, extraindo prazer em se sentir mais forte e no risco que corre ao realizar tal objetivo.Acredite no que vou dizer, essas linhas falam mais do filme que o próprio filme inteiro. As razões do fracasso do projeto desse demoniozinho ianque não estão baseados (infelizmente) na sua proposta imoral e sua mente doente. Vou enumerá-las:
1 – Um filme B dura cerca de 80 minutos – Essa tortura atinge quase intermináveis 115 minutos.
2 – Um filme B conta somente com atores de segundo time – Kurt Russel apesar de seu talento questionável não faz parte desse time e nem Rosario Dawson.
3 – Um filme B se contenta de uma história ligeira passada em três ou quatro ambientes fechados: “A prova de Morte” desenrola uma extensa galeria de situações visando talvez ganhar a simpatia de quem assiste(diga-se de passagem, inutilmente).
4 – Os últimos filmes desse gênero datam do inicio dos anos 80: Talvez o vídeo, os telefones celulares modificaram o mundo e a necessidade de tais filmes.
5 – Inexplicável recurso de longos planos sobre as bundas das personagens – Será que Tarantino se inspirou no Programa do Chacrinha e queria homenagear as chacretes?
6 – As nódoas sobre a tela e os planos que pareciam saltar eram uma idéia interessante que desaparecem no meio do filme. Qual o motivo? Preguiça provavelmente, mas isso é inadmissível.
A idéia de se fazer algo no estilo dos antigos filmes B não se sustenta. Falta divertimento e aquele ar descompromissado ao projeto. Em cada quadro se vê a ambição desmedida de se imortalizar o vazio. Os primeiros 90 minutos são sofríveis, terríveis. Constituídos de diálogos entediantes, gente histérica, sobra pouco espaço para a presença do personagem de Kurt Russel, o único a apresentar algum chamativo, algum embrião de interesse. Como conheci em vídeo nessa semana essa bomba, creio que os últimos 20 minutos são a parte menos conhecida da obra. Provavelmente até lá boa parte do público já teria deixado a sala de projeção no cinema. Ainda que seja superior a todo o restante ele funciona mais como paródia do que como homenagem ao gênero que se quis homenagear. Mesmo para os lobotomizados fans de Tarantino meu conselho seria: Aguarde uma hora após o inicio do filme para então entrar na sala. Ocupe-se de conversar com seu colega e lanchar na sala de espera.
Geralmente minha cisma com Tarantino se referia a sua proposta de cinema. É um indivíduo de talento e o usa para tornar esse mundo ainda pior. No caso desse filme não se tem um momento de brilhantismo. Tarantino por favor, se beber, não dirija.
Crítica mais lucida do Demetrio! 😏
Critica profundamente realista. Tarantino pecou bastante nesse filme e catalogar o filme de trash ou filme B é uma afirmação ilusória.