Tom Shadyac, diretor famoso por obras como Ace Ventura, Professor Aloprado, O mistério da Libélula e Todo Poderoso, a partir dos feitos da vida do famoso médico Hunter "Patch" Adams, dá vida a um filme que viria a ser um marco para muitos, tanto pela sua delicadeza quanto por sua humanidade em um setor tão burocrático e frio como o da medicina.
Em Patch Adams – O amor é contagioso, vemos um Robin Willians sorridente e extremamente feliz com o papel a executar, não para menos, visto seus antecedentes e uma personalidade de fazer rir até pedra. O filme conta a história de um rapaz que após uma tentativa frustrada de suicídio vai parar em um sanatório para enfim descobrir que talvez o sentido de sua vida seja trazer paz e alegria para quem mais precisa, dali surge a ideia de estudar para se tornar um médico e ajudar o máximo possível de pessoas debilitadas. Entretanto, diferentemente da costumeira rotina dos doutores, com seus padrões frios e relações nada amistosas com pacientes, Patch incorpora um novo método para esse tão arcaico ofício, o do amor, esbanjando carinho e atenção para pacientes, que até ali, tinham que se satisfazer com medicações e procedimentos em que nada beneficiariam seu psicológico, mesmo que estivessem a cuidar de sua saúde, ou melhor, físico. O dilema da obra se dá em cima desse método, que causa grande controvérsia entre os superiores do ramo e da faculdade, alegando que o papel e cerne do médico são de extrema seriedade e que jamais o vínculo médico-enfermo beneficiária qualquer uma das partes.
Partindo dessa premissa, somos surpreendidos com uma enxurrada de indagações sobre a moral vigente e a ética no trabalho. O sentimento que se perpetua em nós, espectadores, é o da insatisfação com essas atitudes ao qual somos submetidos dia a dia tanto por profissionais, quanto por leigos exercendo ou não algum trabalho. A obra diz claramente que falta amor no que se diz respeito as relações interpessoais, falta atenção e zelo pelo órgão que mais sente quando está ferido, o coração. É nessa linha de raciocínio que vamos esmiuçando a personalidade do encantador Patch, que mesmo de frente a uma sociedade que menospreza seus meios, nada contra a maré para finalmente propor algo novo e reconfortante para sua e para as outras vidas que estão ali em jogo.
Com a produção de Mike Farrell, Barry Kemp, Marvin Minoff, Charles Newirth e Steve Oedekerk e um elenco recheado de estrelas como Robin Willians, Monica Potter, Daniel London, Philip Seymour Hoffman, Bob Gunton, Josef Sommer, etc. A sessão se descobre como uma aula terapêutica de como deveríamos lidar com os problemas e tenuidades dessa longa e árdua caminhada que é a vida. Uma das cenas que exemplificam bem isso é quando a personagem da atriz Monica Potter pergunta a Patch se ele de fato tentou se matar, e ele surpreendentemente responde que sim, e que em processo disso pôde conhecer os enfermos do sanatório e descobrir seu propósito para consigo e os outros, numa quase poética explosão de sentimentos.
Apesar dos erros, digamos até que alguns um tanto grosseiros, como a falta de atenção com o passado do protagonista e a eventual caricatura de seu semblante como médico, a sessão se assume descaradamente como um entretenimento descompromissado e viabiliza uma dúzia de mensagens sobre superação e autoajuda. Seria uma obra-prima se não fossem os estúdios querendo dramatizar tudo e enfiar goela abaixo em cada uma das cenas uma lição de vida.
No mais, Patch Adams cumpre o que promete, abre uma discussão limpa e necessária sobre os métodos do sistema de saúde e cria hipóteses quais arruínam o já cansado sistema, e nisso, é grandioso. Mesmo depois de dezessete anos de seu lançamento, o filme corrobora uma ideia que ainda é válida, deflagrando um sistema que precisa urgentemente de mudanças.
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