O segundo filme da história a ganhar os cinco principais Oscars é uma metáfora sobre as mazelas da sociedade e o inconformismo. É um impecável estudo sobre a mente humana e uma aula de grandes atuações, de Jack Nicholson aos coadjuvantes. Uma direção competente e acima de tudo inovadora. Todo o talento do elenco e as estupendas interpretações aliadas a um belo roteiro deram sustentabilidade para que esta obra-prima se tornasse o que é. O único erro que fez com que eu não elevasse o longa ao patamar da perfeição foi o final incoerente e abrupto, numa fracassada tentativa de causar surpresas e levar todos às lágrimas. Estando encantando totalmente com o filme você pode até deixar passar, mas no meu caso não teve como, mesmo que ele tenha perdido apenas pequeníssimos pontos do meu ponto de vista.
Antes de se tornar uma película nas cuidadosas mãos de Milos Forman, o conto de Ken Kesey passou por Kirk Douglas, que queria que algum estúdio bancasse a produção e ficou procurando por dois anos. Até que a Warner e o tarimbado produtor Saul Zaentz levaram o romance ás telas e convidou o até então novato(em Hollywood) Milos Forman para dirigir o longa-metragem.
Antes, o cineasta era um comediante de primeira e aqui não deixou de lado seu humor característico, dosando-o com absoluta perfeição com a imensa carga dramática do roteiro de Bo Goldman e Lawrence Hauben.
Dependendo da visão de cada espectador, o filme pode ser caracterizado como uma experiência descontraída ou um drama forte, deixando a obra mais interessante e menos perecível. A narrativa é conduzida com a destreza de um mestre, nunca caindo do melodrama facilmente esquecível. São mais de 10 personagens com papéis de importância na estrutura da narração, todos dirigidos com aptidão por Milos Forman.
Se passando quase que em sua totalidade dentro de um hospital psiquiátrico, que foi para onde Randle Patrick McMurphy foi conduzido para escapar da prisão, dizendo possuir desvios mentais e não poder ser preso. O problema é que os especialistas do local estão desconfiando de que tudo não passou de uma mentira para não ter de ir preso, o que de fato foi. Lá dentro, Randle tenta promover uma revolução contra a rotina imposta pela enfermeira-chefe Ratched, que tem plena convicção de que suas regras são essenciais para os pacientes. Nesse tempo, McMurphy causa as maiores confusões possíveis e ainda é capaz de nos provocar risos com suas loucuras intermináveis, como levar os internos para passear de barco e outras cenas cômicas. Acima de tudo, construiu uma legião de amigos em um ambiente triste.
A estreia de Christopher Llyoid dá o tom entre os personagens secundários, assim como Danny DeVito, Dean R. Brooks, Alonzo Brown e William Redfield moldam os seus em participações brilhantes. O destaque, o formidável Jack Nicholson, vivenciando um simpático vagabundo, sendo engraçado e dramático em uma mesma tomada, atrai a empatia do público. Louise Fletcher também mostra domínio sobre as técnicas teatrais compondo uma personagem misteriosa, que vive entre a bondade e a crueldade.
Apesar da leve derrapada no final, “Um Estranho no Ninho” é uma grande obra de arte tendo como pano de fundo o inconformismo, uma obrigatória referência em filmes rebeldes e um complexo estudo sobre as almas deslavadas.
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