O oscarizado diretor Sam Mendes traçou mais um longa ao estilo "Beleza Americana". É claro que não foi a mesma obra-prima que o seu sucesso de 1999, mas não deixa de ser um filme que tem seu valor.
Frank e April formam um casal jovem que vive no subúrbio de Connecticut. Possuem dois filhos e são infelizes, pois ele não suporta seu emprego e ela odeia ser a dona de casa. Dispostos a mudarem a realidade de suas vidas e descobrirem o que querem, decidem se mudar para Paris. Mas não é assim tão fácil, seus amigos são contra a viagem e consideram uma atitude imatura. Inclusive, John Givings, um amigo com problemas mentais e por isso não tem noção do que fala, joga na cara do casal toda a verdade, fazendo tudo o que as pessoas próximas aos "pombinhos" queriam fazer por eles. Começa então uma crise com brigas, ciúmes e recriminações, fazendo com que a esperança de uma vida melhor por parte do casal tenha sido apenas um sonho.
Claramente, Sam Mendes fez uma crítica ao "American Way of Life", não foi tão ácida quanto na sua maior obra "Beleza Americana", porém ele conseguiu brilhar mais uma vez. Construído na década de 50, ele quis mostrar que o estilo de vida americano já nasceu com erros, desprezando algumas falhas na projeção, pode-se dizer que ele conseguiu passar sua mensagem com louvor.
Um dos erros foi o roteiro não ter mostrado a vida deles antes do casamento, não era necessário se aprofundar muito, mas apenas uma visão superficial seria boa para o espectador ter noção da mudança das coisas. Nem mostra as perspectivas de vida dos personagens antes de se conhecerem, apenas sabemos que ela é uma atriz fracassada e ele trabalha em um emprego que odeia e acha sem sentido, não deixa claro os reais desejos deles.
A direção de arte conseguiu reconstruir o tempo decorrido da história, que são os anos 50, o período pós-guerra dos EUA, com brilho.
Convenhamos, o título na versão brasileira é muito superior ao nome que foi dado na terra do Tio Sam, bem mais condizente com a história do filmel.
Leonardo DiCaprio, agora mais maduro que na época do Titanic, transforma divinamente a ficção em realidade. Winslet ganhou o Oscar pelo filme errado, aqui ela simplesmente mostra ser uma das melhores atrizes da realidade, nos passando os sentimentos da personagem de forma espetacular. Mas Michael Shannon rouba a cena quando interpreta o adoidado Jonh Givings, precisando de aparecer apenas duas vezes para ser indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante.
Mais uma metáfora sobre o estilo de vida americano que dá certo, realmente Sam Mendes sabe como mostrar os defeitos do país em que vive através da sétima arte, o realismo nas cenas de discussão, os diálogos convincentes, o oscarizado diretor só deixou escapar outro erro quando tenta colocar o casal numa saia-justa sem sucesso, visto que há muitas soluções possíveis para os problemas.
Os erros, por mais que notórios, não diminuem o grande filme que este aqui foi, injustamente não indicado ao Oscar de Melhor Filme.
Todo mundo tem sonhos, alguns realizam, outros não. Chega um certo momento na vida em que percebemos que alguns sonhos não foram feitos para se tornarem realidade. E é exatamente sobre a fina linha que separa a aceitação do sonho não-alcançado e a persistência em continuar tentando que "Foi Apenas um Sonho" fala com força e até com certos traços de obra-prima, faltou muito pouco.
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