Um filme que assusta mais do que algumas produções de terror. Uma história real e triste, que ainda não parou de acontecer.
Dez anos antes do lançamento do longa, um milhão de civis morreram em um conflito no interior de Ruanda, África. O fato, recente e atroz, não é ensinado nas escolas ou lembrado na televisão. Para piorar outros combates étnicos vem acontecendo regularmente no continente africano, sem nenhuma intervenção dos poderosos países considerados de Primeiro Mundo. E é este alerta que o irlandês Terry George faz com categoria. Mostrando a história de Paul Rusesabagina, são mostradas grandes atrocidades realizadas no conflito de tribos, que atingiu seu apogeu com o homicídio do mandatário Habyarimana. Então os hutus e tusies, etnias que separam a população ruandense, estouram uma guerra.
Paul era dono de um hotel chamado Mille Colines, aonde abrigou milhares de refugiados enquanto os europeus e os norte-americanos fechavam os olhos para não ver os fatos. Mas o protagonista não começou afim de ser um herói, ele queria proteger somente a esposa e seus três filhos, quando começa a criar coragem e forças para proteger cada vez mais pessoas do jeito que der: conversando, barganhando e não tendo medo das armas que lhe põe na cara.
Semelhanças com o Holocausto ou, cinematograficamente falando, "A Lista de Schindler", não é mera coincidência, mas sim toda a crueldade que a alma do humano é capaz de realizar. O assombroso genocídio de civis inocentes, inclusos aí até crianças de colo, condenados por serem de uma etnia distinta, é bastante grave para aqueles que são capazes de pensar na crueldade. O herói do filme não é superpoderoso, mas tem alma. Conforme vai salvando seus filhos e sua esposa do conflito, ele acaba incorporando seus vizinhos até passar a ajudar qualquer um que pedisse um abrigo, pois ele sabe que independente de qualquer etnia, todos são da mesma família, a ruandense. E da mesma raça: a humana.
De acordo com o pensamento dos países de primeiro mundo, é melhor que morram milhões de inocentes do continente mais pobre do mundo que perder alguns soldados. E é contra esse pensamento arrogante que "Hotel Ruanda" se posiciona de forma vibrante ao não apelar para violência explícita para tentar tocar o espectador. Bastaram cenas sensíveis e chocantes que nos dão um nó na garganta. E foi assim que Terry George, seguindo basicamente a mesma linha de pensamento de Steven Spielberg em "A Lista de Schindler", que conseguiu, com brilho(não tanto quanto o longa de 1993) produzir um documento histórico sobre um acontecimento raramente lembrado fora da África.
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