Michael Moore resolveu contar a história de sua cidadezinha chamada Flint, um município que dependia da poderosa General Motors para se estabilizar economicamente, graças a ela, a população vivia longe da miséria e todos tinham casa e comida ao alcance. Eis que o chairman da GM, Roger Smith, em 1987, resolveu fechar a fábrica localizada nesta província. Então, 40 mil empregados foram demitidos e iniciou-se um imenso caos social. Michael Moore, também prejudicado com a decisão do chefão da empresa construtora de automóveis, juntou dinheiro organizando jogos comunitários de bingo em sua residência. Como já havia sido jornalista e conhecera uma equipe de filmagem, a contratou e partiu na missão de fazer um documentário que mostrasse as espantosas consequências geradas pelo fechamento da indústria na sua cidade. Além de tentar estabelecer contato pessoalmente com o poderoso chefão da GM, o senhor Roger Smith. Esse último ele jamais conseguiu, mas produziu um dos documentários mais marcantes dos anos 80, quiçá da história do cinema.
Na sua estreia em 1989, "Roger & Eu" causou comentários consideráveis na terra norte-americana. Com humor ácido e apenas uma câmera, Michael fez frente ao patrão de uma das maiores corporações do planeta. O diretor cativa o espectador com suas frustradas tentativas de chegar ao último andar da sede da GM para falar com Roger, além de mostrar a caótica situação da sua cidade natal de um modo nunca registrado antes em uma película.
Enquanto os pobres estão enfrentando a miséria, falta de comida, trabalho e casa, vimos a despreocupação dos ricos, que organizam festas fazendo alguns desempregados pousarem de estátua humana e o triste despejo de várias famílias de suas casas, uma delas em plena noite de Natal(o Xerife-adjunto simplesmente provoca ódio ao dizer que acha que as pessoas precisam de alguém pra conversar nesses momentos e por isso fica perto). Há também uma senhora que vende coelhos, sejá lá como animal de estimação ou alimento. A cena mais contestada de todo o longa foi quando ela esfolou o animal e retirou sua pele sem nenhuma dificuldade na frente da câmera.
O humor apresentado foi totalmente irônico e causa risos amargos, um documentário pessoal sobre uma situação dolorosa ao extremo para o autor. A vitória do filme está concentrada no fato de o simples Michael Moore(que aparece nas sequências de boné, calça jeans e casaco) conseguir dar voz aos desempregados de sua terra e fazer com que os espectadores do resto do mundo refletissem sobre a situação vivida pela cidade que foi eleita a mais pobre do país americano pela revista “Fortune Magazine” na época em que o documentário foi rodado.
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