Tudo termina aqui. Ninguém sabe melhor que os milhares de fãs que faziam filas nas portas dos cinemas, vestidos de bruxos ou não, como é triste dizer adeus para algo que atravessou conosco toda uma geração, algo tão terno, bonito, inocente e extraordinário. Harry Potter chegou de mancinho aos cinemas em 2001, sem mais nem menos conquistou o coração de milhares de pessoas como eu, que queriam dar um tempo neste mundo falso e violento e se entregar, nem que por algumas horas, ao universo fantástico que a britânica J.K Rowling juntamente com o diretor Chris Columbus haviam preparado com tanto carinho. Impossível esquecer a primeira vez que fui ao cinema ver o filme do bruxinho, eu tinha cinco anos e fiquei fascinado com Hogwarts, as corujas, os encantamentos, os mistérios daquela escola antiga que ainda tinha tanto a mostrar nos próximos 10 anos.
Mas o que são 10 anos para quem ama de verdade? Eu cresci, eles também. Harry, Ron e Hermione amadureceram junto comigo e o mais interessante era ver os filmes e notar que eles estavam diante de problemas parecidos com os meus, era como se resolvêssemos juntos, éramos velhos amigos, confidentes, dando conselhos uns aos outros para que a vida fosse menos dolorosa (com ou sem magia). Por isso e por inúmeros motivos, 15 de Julho de 2011 foi um dia e tanto! A segunda parte de relíquias da morte se inicia justamente onde a primeira terminou, com Voldemort violando o túmulo de Dumbledore para tomar posse da varinha das varinhas, uma das três relíquias da morte. A cena invade a tela rapidamente e logo vemos o símbolo da Warner seguido por uma cena linda, Snape, agora diretor de Hogwarts olhando do alto de uma torre, a tão amada escola, as coisas mudaram por lá, há uma música no ar, um lamento por Hogwarts que em alguns minutos seria dizimada.
A partir do quinto filme a série ganhou um tom maduro, o diretor David Yates (responsável pelos últimos quatro filmes) parece ter aprendido com os erros que cometeu no passado e agora, no fim de tudo, nos apresenta sua obra prima. Aqui temos a batalha de uma geração, entre o bem e o mal, e existe cenário mais apropriado para isso que Hogwarts? É lá que vemos Harry e seus amigos travarem uma luta mortal contra o exercito do Lord das Trevas, vemos as amizades se fortalecerem, e o castelo desabando. No último filme, Yates resolve mostrar o lado frágil de Voldemort, vemos que por traz de tanta maldade existe o homem que ele foi um dia, que como qualquer pessoa teme a morte e não quer aceita-la, um monstro que nunca cresceu. Outro acerto foi o cuidado para que tudo fosse épico, e o que contribui para isso é a linda trilha sonora de Alexandre Desplat, que poderia ser intensa e ágil para acompanhar melhor as cenas de ação e segue justamente o caminho contrario (ainda bem), pois tudo é muito triste, é a mais pura tristeza ver o local que considerávamos como nossa segunda casa caindo e aqueles que chamávamos de amigos morrendo brutalmente, por este motivo a música é calma, bonita e muito, muito nostálgica!
Impossível falar em atuações e não citar Meggie Smith. A atriz que até então vinha desempenhando normalmente seu papel na saga, aqui ganha grande destaque. Junto com ela os atores Alan Rickman e Matt Lewis também dão um show, provando que em termos de atores coadjuvantes a série nunca perdeu para ninguém. O trio principal, que acompanhamos por tantos anos amadureceu muito, tornando-se complicado ligarmos aqueles verdadeiros heróis às criancinhas inocentes que se conheceram no expresso de Hogwarts há tanto tempo atrás. Emma Watson perfeita como sempre, Rupert Grint continua brilhante e Daniel Radcliffe, que nunca me agradou como ator, parece ter se divertido tanto com seu papel que finalmente se enquadrou ao personagem de forma fantástica, algo que era um sério problema dos filmes anteriores (exceto Relíquias da morte: Parte 1).
A Hogwarts que conhecemos no passado continua a mesma, um tanto mais sofisticada, mas a mesma, pois a equipe técnica sempre teve um cuidado especial com a composição estrutural da escola, e é claro, de todo o resto. A linda fotografia de Eduardo Serra se destaca em meio aos horrores da batalha, a direção de arte nunca esteve tão linda e os efeitos visuais estão mais ricos, complexos, um verdadeiro deleite para os olhos.
Apesar se ser inferior ao filme anterior (principalmente quando o assunto é coesão), o último Harry Potter corresponde muito bem às altas expectativas. A série chegou ao fim, mas a magia nos corações dos milhares de fãs continuará viva como nunca. Impossível não aplaudir o fim de Bellatriz, não chorar com as memórias de Snape e não se chocar ao ver a morte de Lilá Brown. São cenas como estas que ficam passando em nossas mentes após os créditos finais e ficarão imortalizadas em nós por mais que o tempo passe. Sem dúvida alguma, é deste filme que quero me lembrar na minha velhice e contar sempre que possível aos meus filhos e netos.
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