Não sabia o que esperar desse filme, pois além das opiniões estarem bem divididas, vi apenas um filme do diretor. Ao final da sessão saí satisfeito com o filme, mas com ressalvas, já que o filme tem muitas qualidades e muitos defeitos, mas avaliando o geral, os defeitos ficam pequenos diante dos acertos.
“De onde viemos? Quem nos criou? Qual o nosso propósito?” diz o personagem de Guy Pearce em um momento do filme, e é dessa forma que Scott nos apresenta os questionamentos durante toda a película, direta e objetivamente, mas ele faz o inverso com as resposta. Quando as recebemos, elas são bastante superficiais, mas boa parte das respostas foram deixadas para a sequência, fazendo o filme soar um tanto vazio. Mas, ao meu ver, foi relativamente bom ter deixado algumas dessas perguntas em abertos, pois exige que o espectador reflita sobre o filme, e forme suas teorias sobre as possíveis respostas destes questionamentos, e no meio de tantos filmes que subjugam o público, isso é uma boa qualidade (infelizmente).
As questões centrais do filme são as seguintes: “Por que Os Engenheiros nos criaram? E por que querem nos destruir?”. Essas perguntas não são respondidas, mas aqui vão as teorias que eu mais creio que estão corretas: A 1ª é a de que, aquele “Engenheiro”, que aparece no início do filme, estaria se vingando dos seus “irmãos” por ter sido deixado na Terra, assim os humanos seriam um erro que eles teriam que corrigir. A 2ª me leva a crer que os Engenheiros estavam fazendo uma experiência e não gostaram tanto assim do resultado. A minha última teoria (que é “baseada” na estória da Arca de Noé) é a de que eles criaram a raça humana e se decepcionaram com suas ações, essa é a que mais creio que esteja correta, visto que o filme parte para alguns aspectos religiosos.
Riddley Scott está bem na direção, mas, para usar um parâmetro, está bem melhor na direção de Alien, O Oitavo Passageiro do que nesta, embora as duas sejam semelhantes em alguns pontos. Aqui ele faz um excelente trabalho com a câmera, seja na escolha dos ângulos, seja nos movimentos. Um exemplo disso é na cena da cesariana, onde ele nos coloca do ponto de vista da protagonista, e vai intercalando com vários outros ângulos dentro da máquina para causar um clime claustrofóbico e tenso, é até irônico perceber que a câmera movimenta-se lentamente durante toda essa sequência; desde já, uma das melhores cenas dos últimos anos. Tem alguns pontos ruins, mas creio que seria melhor ver o filme para saber quais são.
A parceria entre Lindelof e Spaights é bastante fraca, se não fosse a direção de Scott, boa parte do interesse sobre os questionamentos se evaporaria em segundos, e eles ainda são os responsáveis pelo o que eu considero a maior falha do filme, as falas. Os diálogos são bastante óbvios e sem nenhuma inspiração (exceção feita a conversa entre Vickers e Weyland) , além disso, existe um excesso enorme de falas expositivas, parece que estão fazendo um filme para voltado especificamente a deficientes visuais , pois a cada acontecimento, um personagem narra o que acontece, e isso torna o filme bastante enfadonho.
A concepção visual do filme é nada menos que espetacular. O que menos chama atenção nessa parte é o figurino, pois eles são um tanto quanto comuns em filmes do gênero, mas felizmente o restante é digno de nota. A começar pelos efeitos visuais que, apesar dos hologramas dominarem durante todo o filme (e até esses são ótimos), são bastantes convincentes, desde o Engenheiro que se desintegra no início, passando pelas criaturas que vemos, até o voo da nave na . A fotografia também não faz feio, e consegue ressaltar, com sucesso, o clima dos lugares visitados pelos personagens. Mas a direção de arte é ponto mais forte aqui, construindo com maestria toda a “pirâmide”, a nave Prometheus … Enfim, é um trabalho incrível que merece reconhecimento.
No elenco temos vários personagens, aliás, tem mais personagens do que devia, e em vários momentos forma-se um “mas quem é esse mesmo?” em nossas cabeças. Apenas 3 se destacam positivamente, são eles Logan Marshall-Green (durante todo o filme pensei estar vendo Tom Hardy XD), Noomi Rapace e Michael Fassbender. Marshall-Green interpreta o personagem mais “simples” do filme e o faz de forma apenas satisfatória, mas é um dos poucos pelo qual o público cria uma empatia. Rapace atua com a qualidade de sempre, e cria uma personagem de personalidade bastante forte, chega a ser equiparável com a personagem criada por Sigourney Weaver em Alien, O Oitavo Passageiro. Mas é Fassbender que, assim como em X-Men: Primeira Classe, rouba a cena; sua atuação é ótima e está em um nível bem acima do restante, o seu tom de voz nunca muda durante toda a película, sempre permanecendo calmo e sereno, e nunca sabemos quais são as reais inteções do androide, mais uma vez Fassbender está nos provando que é um dos melhores atores da “nova” geração.
Se os 3 supracitados fazem um trabalho louvável, o mesmo não pode se dizer do restante do elenco, infelizmente. O problema de Charlize Theron e Guy Pearce são os seus personagens, eles tentam entregar uma atuação digna, mas os personagens são tão unilaterais que fica impossível de fazer isso. O restante sequer merece alguma atenção já que eles são bastante descartáveis.
Apesar de se prolongar bastante em sua segunda hora, Prometheus entrega ótimas cenas, boas atuações, e um ótimo apuro visual; mas a cada ponto positivo, há um negativo, resta ao espectador decidir quais são aqueles que ele prefere ressaltar. E, embora não necessitasse de uma, estou ansioso pela sequência desde já.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário