Há filmes nos quais você termina de assistir sem ter entendido alguns eventos. Podemos colocar como exemplo Cidade dos Sonhos ou Donnie Darko, que são casos em que são necessárias revisões e leituras de teorias interpretativas.
Já em De Olhos Bem Fechados, por mais que você compreenda, ao menos num ponto de vista concreto e linear, tudo que passou, a assimilação do que transcorreu nas 2h30 de duração dificilmente satisfará a todos em uma única vista. É possível dizer isso tanto lendo as opiniões alheias quanto por experiência própria. Eu pelo menos não curti nas duas primeiras vezes que vi, mas agora sou mais um que foi contagiado por esse thriller dramático. E vou precisar futuramente de mais uma revisão.
Não é um filme de fácil digestão e tampouco será admirado numa sessão descompromissada. Pode muito bem dar uma impressão de que não há clímax, não há soluções e que no fim a história não foi levada a lugar algum. Ao sermos absorvidos pela jornada do Dr. Bill, algumas peças do quebra-cabeça não se encaixam, e a importância, os destinos de alguns personagens podem ser colocados em xeque.
Mas será que em Eyes Wide Shut são as explicações que importam? Acho meio difícil que seja, quando você percebe os vários pontos de vista acerca da obra, os vários questionamentos que podem ser levantados. Uma trama onde há traições, desejos, morte, segredos, mas como saber se são concretos ou somente paranoias? Que lição podemos tirar dos diálogos finais do casal? Do tal baile de fantasias?
As máscaras usadas durante a projeção representam as máscaras que todos nós temos, e temos medo não só de que elas sejam descobertas como também de descobrir as dos outros, ainda mais de alguém tão próximo.
Enfim, fica até difícil escrever uma opinião sem ter o receio de que fique uma bobagem. Mas o último trabalho de Stanley Kubrick talvez se assemelhe em uma coisa com 2001, seu filme mais enigmático: pode não haver certo ou errado. O que cada um interpretar fica como o sentido de tudo. No fim das contas, é uma jornada de dúvidas, sentimentos, mistério, angústia, banhada por uma técnica belíssima e uma trilha sonora que martela insistentemente na sua cabeça.
Troco qualquer cineasta existente por Kubrick.
Leia S2
mas por sua própria conta e risco
11/10
Que texto ruim 1/10
7/1