Bebendo da fonte de O Clube da Luta, Brad Anderson mergulha nos sombrios recantos da mente para criar esse excelente suspense psicológico.
Trevor Reznik (Christian Bale), é um operário de uma indústria que leva uma vida sedentária. Um dia ele conhece Ivan ( John Sharian) um funcionário que está substituindo um colega seu. Um dia observando Ivan trabalhar, Trevor se distrai, e acaba causando um acidente que leva a amputação de um colega. Agora, todos parecem estar contra ele, que se vê perseguido até pelos seus mais próximos companheiros, e a chave disso tudo pode ser Ivan. Mas quem é Ivan?
Quem é Ivan? A pergunta que define boa parte da essência do filme, acaba não sendo sua grande atração. Méritos para Brad Anderson, Scott Kosar e claro Christian Bale, que acabam tirando o foco do misterioso Ivan, passando-o para um muito mais misterioso Trevor Reznik. Desde a cena inicial – que começa com Trevor, depositando um corpo no mar – já começam as perguntas sobre o personagem, alia-se isso à um visual decrépito, e saúde mental instável e o telespectador já não quer sair da frente da tela até descobrir o que Trevor tem.
O roteiro inteligente, e a trilha sonora influenciada por Hitchcock, fazem de O Operário um excelente suspense, mas o toque de mestre está na atuação magnífica de Christian Bale. Ser ator é ter a capacidade de incorporar personagens, mas Bale vai além, e com nuances de insanidade, se transforma literalmente em Trevor Reznik. Christian Bale conhecido mundialmente por Bruce Wayne em Batman, cometeu a loucura de emagrecer 28 QUILOS, para interpretar o cadavérico operário. Bale realmente rouba a cena em O Operário, e prova que tem uma ímpar capacidade de interpretar e incorporar papéis, além da sua desfiguração, Bale hipnotiza o público, com suas expressões faciais e hábitos doentios de Reznik, e abraça a idéia de passar uma sensação angustiante e claustrofóbica para quem assiste.
Insônia, emagrecimento, alucinações, e ataques histéricos, mostram como a mente é poderosa, e como um “simples” problema não resolvido, pode ser o catalisador de um efeito borboleta psicológico. Sem dormir a mais de um ano, e agora perseguido por seus colegas, Trevor leva o espectador e uma jornada angustiante, em busca de respostas, imerso num modo de vida nada saudável. A degradação do personagem é bem construída, e mostra com uma pessoa “normal” vai sucumbindo perante a loucura. Ao logo de sua jornada, vários itens e fatos que apresentados ao longo da trama, aparentemente aleatórios, vão se unir no fim como as peças de um intricado quebra cabeças mental, pois é só depois do desfecho da trama, que tudo o que parecia simples – ou não – anteriormente, passa a fazer sentido.
Enfim, O Operário é um excelente suspense sobre a mente, e mostra como somos frágeis perante nosso subconsciente, como problemas que todos passam como insônia, e stress podem ser potencialmente destrutivos, e como a sanidade pode ruir perante a tragédia!
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