Estar no lugar de psicóloga e assistir a um filme como As sessões não é muito confortável, de início. Admitamos que já exista aí uma predisposição a um incômodo: como assim, uma terapeuta sexual, que ensina consciência corporal a seus pacientes (ou clientes?)? Como será a abordagem do filme?
Apesar dessas questões iniciais, As sessões surpreende positivamente. Tem um enredo bem amarrado, que não busca tocar o espectador através do melodrama. Ao contrário, Mark, o protagonista vítima de poliomielite na infância, é um sujeito bem humorado, ainda que sofrendo de culpa e medo.
Se a entrada da terapeuta é que traz sentido ao filme, a figura do padre também tem um papel importante, uma vez que o personagem era extremamente religioso (heranças familiares) e encontra no padre um interlocutor para seus dramas. O padre e a igreja parecem simbolizar toda ambivalência humana: de um lado as regras católicas, seus dogmas, de outro, o desejo, a possibilidade de ser mais livre e feliz.
A questão do tratamento a que Mark se submete é retratada de forma interessante. Helen Hunt está ótima no papel, fazendo-nos pensar que todos os deficientes deveriam ter direito a uma acompanhante assim. A forma como Mark descobre seu corpo, o corpo de uma mulher, a interação que pode acontecer entre ambos, é mostrada de forma sensível e delicada. O resultado destas boas atuações, unidas a uma história interessante, é um bom filme, recomendado com certeza.
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