O Festival de Woodstock foi um evento musical ocorrido no ano de 1969, que entrou para toda a história americana e, conseqüentemente, mundial. O festival marcou o legado do movimento hippie, que obteve uma grande eclosão durante o fim da década de 60 ao início dos anos 70. Três dias, durante um fim de semana ao ar livre, foram o bastante para os hippies escreverem sua importância cultural, construindo um dos momentos mais memoráveis e lendários da música popular americana, que por decorrência de sua importância, se propagou por entres os quatro cantos do globo.
Em comemoração ao 40º aniversário do evento, o cineasta Ang Lee (O Segredo de Brokeback Mountain; Hulk) construiu uma obra peculiar, que mirava seu ângulo no que houve por dentro do Festival de Woodstock, sua montagem e a dificuldade para que tudo aquilo fosse realizado. Para tanto, o diretor utiliza a obra autobiográfica escrita por Elliot Tiber, um dos colaboradores principais para que o evento ganhasse vida. Então nasce Aconteceu em Woodstock (Taking Woodstock, 2009), um filme que utiliza uma visão particular para apresentar a dimensão de todo aquele espetáculo musical e o que ele representou para a juventude da época.
A história se firma no jovem Elliot Tiber (Demetri Martin), um jovem artista que largou sua carreira para ir ajudar os pais na administração de um pequeno hotel da família localizado em uma cidadezinha interiorana, entretanto aquele estabelecimento está falido e prestes a ser tomado pelo banco. Então Elliot encontra uma solução para toda a má situação financeira que sua família se encontra, o rapaz resolve oferecer a propriedade aos produtores e realizadores de um evento musical hippie. Um número alarmante de pessoas aparece no local, dando início a uma celebração que não apenas marcaria a geração jovem daquele ano, mas entraria para toda a história da nação.
É curioso analisar que Lee prefere não adentrar no espetáculo em si, mas no íntimo e pessoal de um de seus principais responsáveis pela solidificação do evento musical; os conflitos, as indecisões e anseios de Elliot Tiber são o instrumento utilizado pelo diretor para imprimir uma ótica mais particular e terceira do festival; essa decisão de optar pela visão de um único personagem é deveras interessante, isso porque, Elliot Tiber não é apenas um dos colaboradores do espetáculo, mas sim uma representação dos pensamentos do jovem naquela época, Tiber é um rapaz confuso que deseja apenas poder expressar-se, seja através da arte, ou até mesmo de seus próprios sentimentos, onde ele se encontra num autodescobrimento sobre sua sexualidade.
Aconteceu em Woodstock utiliza a comédia para apoiar o desenvolvimento de sua narrativa, onde inúmeros personagens trazem o bom humor para as cenas que participam, figuras como a Sra.Tiber (Imelda Staunton), mãe de nosso protagonista, em que a trama utiliza de seu sempre mau humor e sovinice para trazer os risos de seu público - que em boa parte funcionam -, ou até mesmo o transexual Vilma (Liev Schreiber), que nos diverte com sua seriedade eternamente cômica. Esse bom humor impulsiona o bom encaminhamento do filme, que jamais se torna cansativo e/ou maçante.
Entretanto há um ponto a ser destacado que faz de Aconteceu em Woodstock um filme menor do que se poderia chegar, que é sua ausência no evento em questão, pois mesmo que o ângulo do rapaz Elliot seja uma interessante representação daquela juventude, seria bem mais preferível que as câmeras e toda a narrativa estivessem focadas no Festival de Woodstock em si, criando com o público uma sintonia maior com tudo que houve por dentro da celebração que reuniu milhões de pessoas. Portanto, não deixa de ser falho e desapontador que Lee prefira então desviar todos os holofotes do espetáculo.
Porém, mesmo com seus equívocos, Aconteceu em Woodstock consegue sobreviver bem durante todo o trajeto que percorre, nos apresentando à figuras interessantes e divertidas, outras nem tanto, e repassando um pouco do quão duro e árduo foi solidificar o festival musical, que conseguiu transmitir à todo mundo uma mensagem de “Paz e Amor”, que preenchia não apenas aquele movimento de harmonia por trás de tudo, mas também a lendária celebração musical, que simbolizou um ano, uma época e, acima de tudo, toda a juventude que buscava apenas seu direito de expressão.
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