Associar a inocência e a pureza a uma realização cinematográfica sem fazê-la parecer leviana ou pueril, é realmente uma tarefa para poucos. E, se hoje podemos destacar uma obra que conseguiu essa proeza, ao equipar a bondade dos seres em uma produção fílmica, esta surgiu em meados da década de 90, onde através da jornada de um simpático rapaz, podemos viajar por toda a América, e observá-la sobre um ângulo neutro e sem qualquer maldade – a visão de Forrest Gump. A doçura de Forrest é o contraste com toda a situação podre apresentada a ele durante sua viagem. Isso mesmo. A jornada do jovem acompanha fatos históricos verídicos e importantes da nação norte americana, e sobre eles, o rapaz se torna uma peça desloca, porém fundamental para os acontecimentos que testemunha, imprimindo ao filme um realismo fantástico incrível.
Forrest Gump é um personagem que demonstra a inocência dos cidadãos americanos para com algumas situações que seu país enfrenta, sua passividade as questões políticas e os diversos problemas sociais que o cercam. Robert Zemeckis é o condutor da película, e constrói uma trilha fabulosa para a bela estória do Jovem com dificuldades intelectuais, este é coroado com a grande atuação de Tom Hanks, que constrói em sua carreira um personagem memorável, e para todo o cinema, um ícone eterno. Se Forrest Gump - O Contador de Histórias conseguiu permanecer inerte a passagem de tempo até hoje (17 anos após seu lançamento), é por sua indescritível capacidade de conquistar seu público, seja este os espectadores mais exigentes e a crítica especializada, ou até menos interessados e até leigos nesta área.
A narrativa aborda a trama do jovem Forrest Gump (Tom Hanks), que possui um QI bastante inferior ao resto da população. Ele, mesmo com todos os preconceitos que sofre por conta de sua deficiência, encontra uma amiga, Jenny, que o ama e acredita nele apesar de qualquer coisa. Então, por intervenção do acaso (ou destino, se preferirem), o rapaz, durante sua trajetória de vida, passa a participar de episódios importantes na composição da História real dos Estados Unidos; então, em um período de quarenta anos de vida, Forrest vivencia fatos verídicos, e num dia normal ele compartilha sua bagagem enorme de histórias numa parada de ônibus, contando suas experiências a qualquer um que sente a seu lado.
O filme possui em seu conteúdo mostrar a igualdade humana perante os eventos que apresenta, pois mesmo que Forrest possua um intelecto que não se sobressaia – e nem se equivalha – a maioria de seu círculo social, ele possui a inocência e a bondade capazes de o colocarem num patamar igual ao de qualquer pessoa. Forrest é um homem normal, como qualquer outro, possui defeitos? Sim. Possui qualidades? Inúmeras. Todo este equilíbrio de características normais, tornam Forrest, independente de qualquer deficiência que possua, uma pessoa perfeitamente comum, que se difere por um único quesito: ser mais carismático e cativante que a maioria.
O maior erro do filme é sua enorme prolongação, que torna a trajetória de Forrest enfadonha de se acompanhar em alguns momentos. Bem como o equívoco de se implantar sentimentos exacerbados que não carregam positivamente o peso emocional da estória. Falhas essas também cometidas por seu concorrente, Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption), na competição do prêmio principal da Academia. Ambos possuem histórias ternas e belas, mas esse teor de sentimentos – tal como certos clichês - prejudica um melhor desenvolvimento da trama. De qualquer maneira, Forrest Gump foi o grande vencedor da noite, trazendo em seu currículo 8 Oscar, incluindo o de Melhor Filme em 1995.
Zemeckis atinge a essência do filme em mostrar Forrest como um peão que participa de eventos históricos dominado pelo mero acaso, mas em apresentar o instinto de superação que o jovem possui, mesmo que poucos acreditem em suas capacidades. É como se todos os fatos que montassem tanto a História, como a vida pessoal do jovem, estivessem lá com o intuito de mostrar ao público que Forrest ultrapassou as barreiras que sua deficiência mental impôs. Ele trilhou seu caminho de acordo com o que a mensagem do filme propõe (a ideologia “viva, e aproveite cada momento.”), e por isso ele é especial, no melhor sentido desta palavra.
Pessoas comuns que se deparam com situações inigualáveis, e por vezes curiosas. A vida entrelaçando a todos - seja direta ou indiretamente - de uma maneira formidável e sem explicações. O filme em si, é isso. Uma aplicação das situações mais inusitadas que nos são fornecidas, sem qualquer programação, apenas a mais pura naturalidade, para mostrar ao público que devemos, assim como Forrest fez em seu caminho, aproveitar a vida a partir do que essa nos oferece de melhor.
"A vida é como uma caixa de bombons, você nunca sabe o que vai encontrar."
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário