Ed Wood é uma bela e sensível homenagem a um homem que fez da vida um sonho, talvez por isso, o filme combine tanto com o lirismo que Tim Burton transmite em seus filmes. É você dar arte aquilo que é discriminado, nesse sentido, Burton carrega o filme de humor negro, constrói uma boa caracterização de seus personagens, e transmite todo o clima da época através da fantástica Fotografia em preto-e-branco, além da excepcional Direção de Arte. Tanto Johnny Depp,como Ed Wood, quanto Martin Landau, em sua consistente interpretação de Bela Lugosi - feito que lhe rendeu o Oscar de melhor ator coadjuvante.
Talvez a grande marca do filme seja realmente o humor por trás da produção de qualquer filme de Ed Wood, algo sem intenção, horrível para a época, mas que conseguiu virar um cult com o passar dos tempos. Grande parte disso deve-se ao carisma do diretor.
Importante também no filme é a relação de Ed com Bela Lugosi, ator em decadência e viciado em drogas, que acaba tendo uma chance de se reerguer com os filmes do excêntrico Ed Wood.
Deep interpreta com afinco e talento todas as bizarrices de Ed Wood, mostrando-se um grande ator tanto nos instantes em que revela um Ed de gostos bizarros ao se vestir de mulher - embora gostasse delas -, quando tem de passar um Ed Wood que ajuda o decadente Bela Lugosi.
Martin Landau, por seu turno, é o grande destaque do filme, roubando as cenas muitas vezes, faz-nos perceber que ele é o grande eixo de motivação até, de Ed nos primeiros filmes, aquele que transmite a confiança que Ed carecia para seus filmes indiretamente, apenas por algum dia ter sido um grande astro.
A capacidade narrativa dos roteiros de Tim Burton, esse escrito por Rudolph Grey e Scott Alexander revela-se regular. Algumas vezes acarreta perda de ritmo, enquanto no final tudo fica muito bem resolvido. Não há uma visão detalhada da reação aos filmes de Ed Wood. Todavia, a direção de Tim Burton revela-se perfeita em gerir na medida exata essa biografia de Ed Wood. Tanto pelo fato de tratar Ed Wood com uma franqueza irônica: Ele a todo o momento sabe que fala de um diretor ruim de doer, mas em nenhum momento serve a denegrir a imagem do mesmo, tratando tudo com grande humor.
Tecnicamente Ed Wood é uma das grandes marcas na filmografia recheada de bons exemplos de Tim Burton. Bela Fotografia em preto-e-branco, trilha sonora sinistra que situa bem o clima desde o início do filme. Direção de Arte caprichada, tirando o melhor de cada cenário, tudo extremamente criativo, com classe.
Ed Wood foi um diretor de filmes bizarros, ruins, um personagem emblemático da fábrica de sonhos que era Hollywood. As mãos talentosas de Tim Burtom conseguiram com extrema qualidade prestar não somente uma bela homenagem a um estranho diretor, mas a toda a sétima arte, capaz de dar bons frutos como Orson Welles, e de diretores bizarros como Ed Wood - só para constar, Ed era grande fã de Welles, pelo qual buscava se inspirar por ser Diretor, Ator, Produtor e Roterista, cada um em seu lugar, vemos no filme que ambos foram importantes para o cinema. Ed para mostrar o limites até onde um filme poderia ser ruim e Welles por revelar ao mundo do cinema uma de suas grandes obras: Cidadão Kane.
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