Um drama espetacular de Yimou Zhang, um filme que quebra tabus, emociona, é belo, cultural e cuidadosamente gerido e controlado pelas habeis mãos de o, talvez, melhor diretor chinês da história. Um grande filme, digo grande mesmo, onde tudo dá certo, um filme sútil ou forte dependendo da situação, uma jóia moldada em busca da perfeição, Lanternas Vermelhas é um marco no cinema Asiático, diria também, do cinema mundial, basta assistí-lo.
Seja no enfoque do diretor, que através do posicionamento da câmera deixa claro que o universo a ser explorado em seu filme, é o universo feminino, os sonhos e desejos daquelas mulheres em torno de Chen Zuoqian, ou a falta desses desejos representados na personagem principal Songlian ( a espetacular e linda, Gong Li). Seja também no leque de possibilidades que nos traz a história daquelas mulheres enclauzuradas naquele castelo, guiada pelas tradições da família de Chen, cada uma com suas possibilidades de reações ao lugar, todas envolvidas em um jogo, não de amor, mas de vantagens, de confortos, uma luta por facilidades como receberem as prazerosas massagens nos pés.
A história fala de um belo e enorme palácio, do senhor Chen Zuoqian, à iminência de seu quarto casamento. Sua nova esposa é a linda jovem Songlian, que vem de longe, após ter perdido o pai, é obrigada pela madastra a abandonar a universidade e casar-se com um homem rico, para ajudar financeiramente a família.
Chegando à casa de Chen, ela depara-se com uma série de costumes remontantes à longíquas gerações da família do senhor. O interessante modo como o diretor posiciona a câmera a distância de Chen, faz com que nunca vejamos o seu rosto de close, subentende-se todavia, que é um homem velho, visto a forma física e a idade da sua primeira de quatro esposas que tinha. Tal distância de câmera serve também, como já dito, para enfocar mais no universo das mulheres, e não de seu senhor. Serve também, para mostrar que mesmo "dono" de tais mulheres, Chen mantia-se distante de seus corações.
Em seguida, calmamente, a hisória vai nos encaminhando às situações pelo qual Songlian vai passar na casa, como ela será recebida por cada uma das outras três esposas, pelos empregados, e como Songlian vai agir em tal situação. E é aí, nessa reação de Songlian, que Yimou Zhang vai buscar direção, vai trabalhar em cima disso, vai desenvolver todas as dificuldades de Songlian, criando para aquelas quatro esposas personalidades distintas, visões de mundo distintas.
Naquele castelo o tempo é gerido ao que parece, pelas estações do ano e pelo estado de dia ou noite. Cada mulher, em busca de um maior reconhecimento do marido, faria alguma coisa para agradá-lo, havia portanto, intensa disputa entre elas por causa disso. Songlian, todavia, não se detém muito a tal querela e chega em certo momento a agir com certo dedém sobre tal situação.
Ao chegar, Songlian, a Quarta Esposa, é recebida pela Primeira Esposa, mulher experiênte logo exorta a jovem garota a seguir às tradições da casa, como forma de se adaptar ao local. A segunda esposa, trata-a como a uma irmã, dando-lhe presentes e amigáveis conselhos. Já a Terceira esposa, antiga cantora de ópera - há vários momento de canto da mesma, que chega a causar um certo estranhamento por parte de nós ocidentais,acostumados com uma musicalidade em tons diferentes - chega a agir de modo ciunento cotra ela, Songlian. De importância fundamental, revela-se a serva encaregada de auxiliar Songlian, Yan'er, uma jovem audaciosa que sonha em um dia ser uma Senhora como Songlian, a conflituosa relação dela e Songlian revela os ciúmes que ambas tinham umas das outras, Yan'er queria estar no lugar de Songlian, esta, sabia disso, e temia, já que flagara uma vez seu marido Chen tantando agarrar a Yan'er.
Diante de tantas disputas no âmbito de sua chegada, Songlian descobrirá diversas artimanhas contra si, vindas de lados inesperados, e em um ano, viverá muitas coisas, passará por várias situações naquele castelo.
Em um filme tão belo, tão bem feito, fica claro que a grande responsabilidade de seus feitos fica por conta de sua Direção. Yimou Zhang trabalha com extrema sensibilidade, mais uma vez explorando o universo feminino, lho dando força, profundidade. Mostrando personagens de caráter mutáveis, as mulheres dos filme de Zhang demostram extrema capacidade em se camuflar diante dos outros em busca de seus objetivos.
Adaptado do romance de Su Tong e roteirizado por Ni Zhen, o nome do filme, Lanternas Vermelhas refere-se a ocasião onde o senhor escolhia uma das quatro casa onde moravam suas esposas, casa essa, que teria suas lanternas - uma espécie de candeeiro chinês - acesas à noite.
Tecnicamente, o filme não carece de tantos recursos, não há nenhum tipo de Efeitos Especias. Há a magnifica Maquiagem de praxe, os Figurinos chineses de cores vivas, brilhantes como sempre, além de todo um requinte com relação às locações. A quase ausência de Trilha Sonora serve para aumentar o sentimento de desconforto por causa do enclausuramento do castelo, além da aflição de Songlian. A Fotografia deveria ser melhor explorada no interior desse palácio - é impossível não lembra-se da bela Fotografia de O Tigre e O Dragão no interior dessas casas de estilo chinês. Todavia, tais aspectos não tem tanta importância quanto o desenvolvimento da história.
Um belíssimo filme oriental, o melhor do baita diretor que o é Yimou Zhang (dos também magníficos Herói e Clã das Adagas Voadoras). De estilo único, sem apelações sentimentais,com atuações inesquecíveis de todas as mulheres que interpretam alguma esposa - sem dúvida o destaque é mesmo Gong Li, mostrando mais uma vez ser a melhor atriz de seu país, presente em importantes filmes de lá. Demonstra bem parte de um costume de uma China do anos 20 que ainda permanecia poligâmica. Um belo filme, daqueles inesquecíveis, mais que recomendado, obrigatório.
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