Quem acompanha cinema há alguns anos já está cansado de tanto ouvir e ler sobre um ambicioso projeto da Marvel: de unir os super heróis mais famosos da empresa em um filme de orçamento polpudo.
Depois de muito tempo de espera dos fãs dos quadrinhos de Thor, Homem de Ferro, Capitão América, Huck etc. finalmente “Os Vingadores” é lançado nos cinemas, batendo todos os recordes de bilheterias da história – ajudado, claro, pelo marketing monstruoso que a Disney promoveu (não há marqueteira melhor que tal).
O fato é que unir tantos super heróis queridos e adorados pelo público em um filme com um orçamento tão alto é um desafio e tanto. Não é um projeto qualquer, nem fácil de ser conduzido. É algo perigoso, que deve ser tratado com bastante cautela, já que são muitos os personagens que precisam ter destaque. O que acontece, porém, é o previsível: um filme cheio de falhas, burocracias e com uma crise criativa de assustar.
A premissa de “Os Vingadores” é ótima, apesar de a estória ser simplista, óbvia e mais do mesmo. Tem-se aquele típico vilão de outro planeta que quer a todo custo dominar a Terra e para isso não vai medir esforços. Diante de tamanho perigo Nick Fury, diretor da SHIELD, convoca os conhecidos super heróis. Ao se conhecerem, tais indivíduos com habilidades notáveis começam a se desentender, o que culmina em muitas cenas longas, forçadas e superficiais. No final do filme todos enfrentam o exército alienígena de Loki, o irmão de Thor e... Pronto! O filme é apenas isso.
Ao se assistir a “Os Vingadores”, minha impressão foi que a estória foi criada de qualquer jeito, completamente desleixada, servindo apenas como um pretexto para as fantásticas cenas da batalha em New York. A ânsia em unir todos esses heróis e fazê-los lutar contra um inimigo foi tão grande que todo o resto foi esquecido. Criou-se apenas um pano de fundo banal e mal desenvolvido, e martelou a cabeça do espectador com coisas inúteis, repetitivas e sem nenhuma emoção por mais de uma hora. É um filme longo demais, estendido demais, contém muitas cenas desnecessárias. É uma grande encheção de linguiça.
Um filme não depende apenas de seu roteiro, mas também de sua direção, de suas atuações, de sua parte técnica e tantos outros atributos. A direção é extremamente irregular, preguiçosa em criar elementos novos para filmes do gênero, como por exemplo, as máquinas alienígenas que invadem New York no fim do filme. A sensação que se tem é de está assistindo a um “Transformers”, sem tirar nem pôr. A única diferença é que aqui os personagens têm destaque e no filme de Michael Bay as máquinas são as coisas mais importantes. A verdade é que “Os Vingadores” não tem uma gota de originalidade que brote de suas veias. É uma mistura de “Transformers”, “Homem Aranha” e até de “O Cavaleiro das Trevas” (vide a cena do fim da batalha, em que Nick Fury sai da sala de comando e as telas dos computadores se apagam). Por outro lado, as atuações estão maravilhosas, como a de Robert Downey Jr. e Marc Rufallo. Por falar nesses dois, é preciso citar a importância do Homem de Ferro, que parece ser o líder dos heróis, sem falar de seu carisma com o público, apesar de suas piadinhas forçadas e sem graça. Marc Rufallo se destaca por sua atuação bastante segura e tranquila como Huck, que é o personagem mais fantástico do filme e dono das melhores cenas do clímax, apesar de, novamente, o roteiro cometer um grande, baita e imperdoável de um deslize inadmissível. Outro personagem que se destaca é a Viúva Negra, atuada por Scarllet Johansson, esbanjando agressividade e sensualismo de uma forma maravilhosa e sexy. Chris Hensworth volta de novo como Thor de uma forma bem fraquinha, mas eficaz. O resto é resto. Gavião Arqueiro é totalmente jogado para o escanteio, além de ser um personagem sem nenhum carisma. Chris Evans, que interpreta Capitão América, o primeiro vingador, o líder dos heróis, mas que na verdade parece ser apenas um coadjuvante muito do sem graça, seja pela falta de carisma do personagem e pela atuação fraquíssima, sem sal, indiferente e fria de Evans, não tem destaque nenhum durante o filme.
Não consigo entender até agora por que o filme foi bem recebido pela crítica especializada. Bom, o roteiro é bem superficial; não chega a ser um desastre mas é bem superficial e com um péssimo acabamento, contendo sérios deslizes, como o fato de o Huck conseguir do nada ter controle sobre si.
Com certeza vai ter aquelas exigências dos fãs quando chegar a época das premiações, já que foi um filme bem recebido e louvado pela crítica. Acho impossíveis as chances de receber indicações às categorias artísticas. No máximo, uma indicação a Efeitos Visuais, que por sinal são bem irregulares. A impressão que se tem é que economizaram o filme todo em efeitos e na batalha colocaram os de melhor qualidade. A Fotografia é péssima, não tem cores que se destaquem; foi feita de qualquer jeito, como se fosse um filme feito para a televisão (que, aliás, tem um roteiro que parece um programa de fim de ano da TV Globo). A Direção de Arte é completamente neutra e desinteressante, não tendo um único cenário que nos deixe de queixo caído. A Trilha Sonora não tem novidades nenhuma, e a edição e mixagem de som são preguiçosas, mais preocupados em fazer muito barulho.
O resultado final é bem mediano: roteiro fraquinho, mas cenas de ação descerebradas e algumas cenas engraçadas. Tudo o que o grande público quer num só filme, vai ver por isso está fazendo grande sucesso.
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