É interessante perceber como Nicolas Winding Refn desenvolve seus personagens, sendo praticamente todos eles com estilos muito próprios ou/e peculiares. Em Drive, por exemplo, o estilo de seu personagem principal é oposto ao comum e isso se nota já em seus primeiros minutos em cena, quando o personagem principal (Seu nome não é revelado, oque causa mais interesse no personagem) dita às regras de como ira agir em seu trabalho. Também no inicio de Drive o clima criado por Refn é muito intenso, com sua habilidosa direção nos transmite o clima de perigo, ou de paz, ou de tensão, não apenas com as palavras de seus personagens mais também pela estrutura que ele cria em cena, o melhor exemplo é cena do elevador (minha favorita do filme) onde passamos da beleza para a violência estrema sem ninguém dizer uma palavra.
Em Oly god forgives não é diferente, nos minutos iniciais já vemos um forte clima criado por Refn, e dessa vez a direção de arte e a trilha sonora contribui e muito para o clima, praticamente todo o filme se passa a noite e/ou em ambientes fechados. Um ponto diferente é que aqui a violência é muito presente, e não especifica para causar tensão, mas esse aspecto o filme tem de sobra, graças (as já citadas) a direção de arte e a direção de Refn.
Vamos à sinopse: Julien (Ryan Gosling) e seu irmão Billy são traficantes em Bangkok e ambos britânicos, que usam de fachada uma academia de luta para trabalhar no submundo da cidade. Uma noite Billy acaba enlouquecendo e então estuprando e assassinando uma garota. A policia é chamada e o influente policial, ao invés de prender Billy chama o pai da garota, que mata Billy. A partir dai a mãe dos irmãos, que cuida dos negócios da família na Inglaterra, chega a Bangkok, muito brava por ter perdido seu primogênito, e querendo vingança. Isso despertara vários acontecimentos, a maioria deles com muito sangue, que ira mudar a vida de todos.
A direção de Refn é bem lenta e contida, normalmente com apenas um close imóvel ou com movimentos bem leves. Um detalhe interessante é as constantes núncias da trilha sonora que se sobrepõe aos sons da cena, sempre em alguma cena de muita violência. Refn falha apenas em escolher closes desnecessários, que não melhoram a trama ou o clima em absolutamente nada. O que acontece em algumas cenas também, cenas que se removessem não fariam falta nenhuma a estrutura do filme.
Já o roteiro é bem mais simples do que se parece, mas não deixa de ter qualidade. A maior delas é o estudo do personagem de Gosling, Julien, que após a morte de seu irmão, acaba perdendo a noção do que é real e do que é imaginário, tendo visões, quase sempre em um corredor (que significa problemas em sua vida) ou com uma prostituta com que ele tem uma estranha relação. Refn mostra essas ilusões como se fossem cenas normais, oque acaba nos levando a perguntar se oque está acontecendo é real ou imaginário e varias dessas perguntas não tem respostas, nos levado mais adentro da mente confusa de Julien. Outra personagem muito interessante do filme é a mãe de Julien, Jenna que tem um relacionamento muito difícil com Julien, e se lamenta constantemente da perda, do que ela diz ser, seu melhor filho, Billy.
As atuações são ótimas, e ao contrario do que muita gente falou Gosling não está perdido e atua muito bem, a cena do jantar com a mãe dele é um ótimo exemplo, ele consegue transmitir todas as frustações de seu personagem sem abrir a boca, enquanto sua mãe, Jenna, o humilha de todas as maneiras que ela consegue, nos dando uma ideia de o porque Julien é como é. Kristin Scott Thomas, que interpreta Jenna, alias faz a melhor atuação do filme inteiro, nos passando toda sua raiva, e fazia um tempo que eu não odiava uma personagem tão fortemente quanto eu a odiei, ela é covarde, hipócrita, grosseira, manipuladora e muitos outros maus adjetivos. O personagem mais correto do filme acaba sendo o mais violento, o policial que esquarteja, mata e tortura. E que é mais como um justiceiro, escolhendo por ele próprio as punições de quem ele considera que cometeu algo errado, tentando assim limpar a cidade.
Oly god forgives é um filme que traz muita violência grafica, e com certeza será repudiado por muitos, não só pela violência, mas também estilo com que Refn apresenta o seu filme, eu por acaso, gostei bastante desse estilo. Assista e tire suas próprias conclusões.
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