O filme é brilhante dos créditos inicias até a última cena com Jake se preparando para uma apresentação como se estivesse se preparando para entrar em uma das lutas do auge de sua carreira. Scorsese e De Niro conseguiram retratar perfeitamente os sentimentos do personagem, seja a fúria de sua vida pessoal ou a fúria que é aplicada em seus adversários dentro do ringue.
De Niro se entrega completamente ao papel, chegando a engordar quase 30kg para retratar a fase decadente da vida de Jake LaMotta, ficando irreconhecível e assim realizando uma das melhores atuações de sua incrível carreira, o que lhe rendeu o Oscar de melhor ator naquele ano.
Scorsese conduz o filme de forma primorosa e acerta na escolha da fotografia em preto e branco, que com suas luzes e sombras deixam ainda melhor os maravilhosos planos e enquadramentos concebidos pelo diretor. Isso aliado a um incrível trabalho de montagem, que dá o ritmo perfeito ao filme, fazem com que a obra tenha um apuro técnico estupendo.
A última luta com Sugar Ray Robinson é simplesmente uma das melhores sequências do cinema. Jake leva seguidos golpes, cada vez mais fortes e mesmo assim mantém a guarda baixa, como se nada o estivesse atingindo, pois, por mais forte que fosse o golpe, a dor ainda era menor do que a que Jake sentia em seu íntimo. Um rosto desconfigurado não é nada perto de uma vida destruída. Mais do que uma luta de boxe, essa sequência é a representação da vida de Jake. "Você nunca me derrubou, Ray!", Ray é uma metáfora para sua vida, que o golpeou várias vezes, mas ele sempre se manteve de pé.
Scorsese e De Niro criaram um incrível retrato psicológico de um personagem que dentro dos quatro corners é imbatível, mas que, fora deles, é duramente golpeado por si mesmo. Muito mais que um filme sobre boxe, "Touro Indomável" é um filme sobre a dor, a fúria e a decadência de um homem condenado por sua personalidade autodestrutiva.
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