O filme conta de forma bem realista a incrível experiência de um náufrago, 4 anos vivendo completamente isolado do mundo. O que salta à vista é a flagrante intenção de desmistificar o universo romântico que sempre caracterizou filmes envolvendo naufrágios e ilhas desertas, comumente associados à sintonia com a natureza e à sublimação da vida: Robinson Crusoé, por exemplo, foi um herói corajoso; em A Lagoa Azul, os personagens descobrem o segredo da felicidade como náufragos, envolvidos por paisagens paradisíacas e uma surpreendente habilidade em usar os recursos da natureza, até para construir uma confortável e bem acabada cabana onde moravam, mesmo sendo quase crianças. Pois bem, Náufrago mostra que viver uma experiência dessas, na verdade, é uma grande dureza. A belíssima paisagem natural em nada alivia o sofrimento do protagonista, que se machuca, se fere, se angustia, passa fome, frio e quase vai à loucura, por pouco não perdendo a sanidade. Não há nenhuma mulher bonita com quem ele descobre o amor, nem amigos, nem comida farta, nem um teto decente, como em outros filmes de mesmo tema. O que há é um homem desesperado, que se lança numa tentativa quase suicida de sair dali, ansioso por trocar a ilha deserta por uma cidade bem barulhenta e por uma vida urbana absolutamente comum.
Críticas
10,0
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