É indescritivelmente prazeroso acompanhar os primeiros passos de diretores consagrados. Quase sempre cultmovies , são obras que resumem bem a filmografia de um realizador ( vide Cães de Aluguel ou Mulheres e Luzes ). Neste caso, estamos falando do maior diretor de blockbusters de todos os tempos, e mesmo pouco conhecido, seu filme de estreia já trazia elementos constantes recorrente em sua carreira.
Concebido originalmente direto para a televisão, "Fuel", que no Brasil ganhou o título de Encurralado, obteve tanto sucesso na telinha que foi lançado nos cinemas. Dai em diante, Spielberg dirigiu mais alguns longas para a TV, fez Louca Escapada ( também sobre perseguição de automóveis) e depois engatou um arrasa-quarteirão atrás do outro.
O roteiro é tão simplório quanto eficiente: Um homem comum pega a estrada para uma entrevista e logo será perseguido impiedosamente por um sinistro caminhão. O diretor já mostra uma incrível habilidade para belos plano sequencias e cenas de perseguição de carro, que até hoje deixa no chinelo similares mesmo quarenta anos depois. Impressiona também a maneira como Spielberg leva seu filme, quase todo filmado em externas e arridas estradas com veículos em movimento. Com poucos recursos na época, era possível antever que seu futuro seria promissor, e anos depois com muito mais recursos computadorizados e dinheiro, ele realizaria grandes sucessos.
Encurralado é daqueles filmes de terror ( embora seja mais comumente rotula-lo como ação ou suspense) que mais angustiam o espectador. Não há monstros aterrorizantes, pilhas de corpos ensanguentados deixados por um serial killer ou uma ameaça natural que destroça humanos ( este foi seu longa subsequente). A ameaça é mais psicológica e aflitiva. Sem motivo aparente, nosso protagonista David Mann ( o pouco conhecido Dennis Weaver) é atormentado por um insano motorista de caminhão. Sem saber a identidade do condutor e sofrendo de uma paranoia crescente, Mann está literalmente encurralado. Parece que o único objetivo do vilão é sentir prazer torturando o pobre homem neste jogo de gato e rato.
Como dito anteriormente, o novato diretor tinha poucos recursos, assim não há grandes cenas de ação ou explosões. Há belos enquadramentos e uma câmera inquieta que compensa muito mais que qualquer colisão descabeçada. A sequencia do posto de gasolina e das serpentes é Spielberg pouco lapidado, mas já pronto para ser realidade.Sua cena derradeira, torna-se uma marca registrada do diretor, onde seus filmes são uma especie de triunfo do bem contra o mal, fazendo a platéia torcer pelo mocinho ( talvez dai sua grande aceitação da massa).
Vale conferir, justamente por ser o inicio da trajetória de um ícone, mas principalmente por ser um grande exercício de cinema.
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