"Darei a este mundo miserável a rainha que ele merece..."
(Ravenna).
Desde o grande sucesso comercial conquistado por Alice no País das Maravilhas (2010) de Tim Burton, vários projetos similares foram anunciados. Em 2012 por exemplo, duas adaptações baseadas no universo ‘Branca de Neve’ ganharam as telas. Espelho, Espelho Meu com uma abordagem mais cômica e divertida do conto original estrelada por Julia Roberts, que conquistou relativo sucesso de público e crítica, mas ficou aquém do esperado, e Branca de Neve e o Caçador, que inspirando-se mais no material original do que na clássica animação Disney Branca de Neve e os Sete Anões (1937), apresentou uma versão muito mais madura, sombria e realista desse universo, além de atualizar o contexto da trama e de seus personagens.
Nesse novo universo, Branca de Neve (Kristen Stewart) deve se tornar uma pessoa ativa e destemida para conquistar sua liberdade e a de seu reino, dominado pela Rainha Ravenna (Charlize Theron, ótima), que após casar-se com o Rei Magnus, pai de Branca de Neve, o assassina na lua-de-mel, toma o reino com a ajuda de seu exército e de Finn, seu fiel súdito e irmão, e trancafia Branca de Neve ainda criança na torre norte do castelo.
Chris Hesworth interpreta Eric, O Caçador, chantageado por Ravenna para caçar Branca de Neve, que após uma tensa fuga de sua prisão, se perde na temida Floresta Negra. No local, acabam tornando-se amigos, pois não conseguindo cumprir sua missão ao saber que fora enganado por Ravenna, acaba simpatizando com a garota, que o faz lembrar-se de sua falecida esposa. Contar mais estragaria as surpresas, mas fique sabendo que a jornada de Branca de Neve, o Caçador e os Sete Anões pouco lembra as versões anteriores, onde uma atmosfera muito mais sombria e opressora predomina a projeção.
Apesar de não ser a protagonista, Charlize Theron rouba a cena com sua presença sempre marcante, construindo uma Ravenna bela e sensual, porém extremamente perigosa e amargurada por um passado de exploração masculina. Seu poder é derivado de sua beleza, na qual fará de tudo para manter. Kristen Stewart se sai bem como Branca de Neve, passando toda a inocência e senso de justiça da personagem com eficiência, embora lhe falte o carisma necessário para conquistar a simpatia do público. Num filme dominado por mulheres, sobra pouco para Hesworth, que conquista seu espaço graças ao seu carisma. Vale ressaltar a boa parte técnica da produção, com destaque para a direção de arte, a fotografia, os figurinos e os efeitos visuais, todos fantásticos.
É fato que o filme apresenta também algumas limitações, como um roteiro pouco envolvente, uma montagem irregular e a já citada falta de carisma de sua protagonista. A película teve várias influências que valem a pena serem citadas, sendo a mais óbvia à Trilogia O Senhor dos Anéis de Peter Jackson. Porém outros clássicos menos conhecidos do grande público, como as animações Princesa Mononoke (1997) e O Castelo Animado (2004), ambas de Hayao Miyazaki, foram homenageadas pela produção. Superior a Espelho, Espelho Meu, Branca de Neve e o Caçador merece sua atenção, oferecendo ao público uma aventura divertida, ousada e bem produzida.
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