"Embora lhe falte identidade, é uma obra que respeita o original, diverte e garante bons sustos."
Poltergeist: O Fenômeno (Poltergeist, 1982) talvez seja um dos filmes de terror mais originais e emblemáticos dos anos 80. E com o recente sucesso do subgênero "terror sobrenatural" nos últimos anos, era questão de tempo até os produtores perceberem a oportunidade que tinham em mãos ao refilmarem este projeto.
Apresentando praticamente a mesma estória original, Poltergeist: O Fenômeno (Poltergeist, 2015) conta a jornada de uma família que acaba de se mudar para o subúrbio norte-americano, e passam a enfrentar estranhos fenômenos sobrenaturais no local, tendo a filha caçula sugada pelo armário do quarto, indo parar em outra dimensão, do qual mantem contato pela televisão. A partir daí situações cada vez mais insanas acontecem levando a fé e a esperança da família ao limite.
Uma das diferenças com o original refere-se a atualização da trama (que se passa na atualidade) e consequentemente da tecnologia, sendo esta bem explorada durante a projeção. A família também não é a mesma, embora o núcleo familiar seja idêntico (pai, mãe, filha mais velha, filho do meio e caçula). Esta decisão de mudar os nomes dos personagens foi acertada, até porque seria impossível reproduzir Carol Anne ou uma Sra. Tangina com o mesmo charme tão reconhecido pelos fãs. De qualquer forma, Kenedi Clementes não desaponta com sua Maddison, deixando pouco a desejar. O mesmo não pode ser dito de Jared Harris (que é um bom ator) mas que aqui ficou muito aquém da clássica atuação de Zelda Rubinstein.
A parte técnica da produção é eficiente, com bom uso do 3D, uma direção de arte saudosista, fotografia limpa e imersiva e efeitos especiais decentes. O uso do som (excepcional na obra original) é bom, mas aquém do que poderia ter sido, assim como a trilha sonora, bem mais inócua aqui. Umas das principais qualidades da obra original era o roteiro inteligente e bem amarrado, que aqui apresenta-se frágil e superficial, embora se esforce para manter suas principais características.
De um modo geral, o filme respeita a essência do original até certo ponto, não se levando à sério demais (dado o absurdo da situação toda), intercalando momentos de terror, suspense, drama e humor. Muitos criticam o original (alegando não tratar-se de um filme de terror, o qual eu discordo) e o esforço dos produtores aqui em homenagear cenas marcantes do original de uma forma mais contemporânea é notável, sem esquecer do tom inocente e bem-humorado do antecessor. A influência de filmes como Sobrenatural (Insidious, 2010), Atividade Paranormal (Paranormal Activity, 2007) e Annabelle (Annabelle, 2014) é clara, não sendo necessariamente um problema, embora alguns clichês incomodem. Sendo assim, embora fique longe da genialidade da obra original, Poltergeist se apresenta como um mediano representante do gênero, garantindo bons sustos e diversão para toda a família.
Sou desses que você citou, Luiz, que não curte o original - embora se visto como comédia e aventura, até diverte - mas ainda mão assisti esse remake. Contudo, concordo com você no que diz respeito aos personagens, pois a família original, principalmente Carol Anne, foram marcantes.