O holandês Jan de Bont já era um conceituado diretor de fotografia em Hollywood quando teve a oportunidade de comandar sua primeira produção como diretor, Velocidade Máxima (1994), um inesperado sucesso de público e crítica que elevou o novato diretor ao primeiro escalão do disputado mercado norte-americano de cinema. Com este sucesso, o novo projeto de Bont agora em parceria de Steven Spielberg, Twister (1996), foi outro esmagador sucesso de público, mas que não agradou a crítica como o seu antecessor. Com estes dois sucessos no currículum, Bont planejou sua produção mais ambiciosa até então, Velocidade Máxima 2 (1997), uma superprodução de US$ 160 milhões (atrás apenas de Waterworld: O Segredo das Águas (1995), com o filme mais caro já produzido) que prometia ser o maior sucesso do verão daquele ano (disputando espaço com produções do calibre de Homens de Preto, Força Aérea Um e O Mundo Perdido: Jurassic Park).
Sandra Bullock (Miss Simpatia) retorna para esta sequência como Annie Porter, já Keannu Reeves que por diferenças criativas com a produção, foi substituído por Jason Patrick (Garotos Perdidos) que interpreta Alex, o novo namorado de Annie. Willem Dafoe (Platoon) completa o elenco principal como o lunático Geiger, um gênio da informática que deseja se vingar da empresa que o descartou após a doença adquirida em virtude do seu trabalho. A falta de química entre Bullock e Patrick foi uma das principais reclamações do público, assim como os excessos de Bullock em cenas de humor duvidoso. Dafoe esta bastante a vontade no papel do excêntrico Geiger, com caras e bocas impagáveis, construindo um personagem interessante, apesar das fraquezas do roteiro (sua última cena é um dos momentos mais insanos e divertidos de sua brilhante carreira).
A direção de Jan de Bont é bastante ágil, dando ritmo as sequências de ação, buscando dar credibilidade à situações absurdas da projeção, além de contornar possíveis limitações da estória. Um filme com o nome que têm, se passar em um transatlântico já mostra o principal equívoco do projeto, visto que seria impossível reproduzir toda a adrenalina do anterior, que tinha muitas possibilidades a seu favor. Ainda assim, o cineasta que ainda assina o argumento e a produção, cria algumas situações que fazem jus ao seu nome, como a frenética perseguição inicial de moto e a final de lancha, todas bem filmadas e editadas. O trabalho de som é sublime e merece destaque, com uma variedade e precisão exemplares (injustamente ignorados pela premiação do Oscar daquele ano).
O subestimado compositor Mark Mancina (Tarzan) que já havia trabalhado com Bont em seus dois filmes anteriores, realiza aqui outro trabalho marcante, com uma trilha enérgica que engrandece ainda mais as ousadas sequências do filme. Vale ressaltar também a participação do cantor brasileiro Carlinhos Brown cantando a música 'A Namorada' em uma passagem do filme. A equipe investiu alto na produção e dizem por aí que somente a cena final custou o orçamento total do filme anterior (US$ 30 milhões). Nesta época o CGI ainda não era utilizado em grande escala, sendo necessário construir todo o cenário da cidade litorânea do Caribe que seria destruída pelo invasão do transatlântico Seaborn Legend, que nesta sequência foi completado digitalmente, num trabalho eficiente da equipe envolvida.
Apesar do alto investimento, a produção foi um grande fracasso de público e crítica, faturando apenas US$ 48 milhões no mercado norte-americano. O filme teve 7 indicações ao Framboesa de Ouro (Pior Filme, Pior Diretor, Pior Atriz, Pior Ator Coadjuvante, Pior Dupla, Pior Canção Original e Pior Sequência ou Remake, levando esta última para casa). Sinceramente não acredito que o filme merecesse boa parte das indicações (como Pior Diretor e Pior Ator Coadjuvante, por exemplo), mas esta premiação não deve ser levada a sério, visto que trata-se apenas de uma brincadeira com as grandes produções e estrelas de Hollywood.
A verdade é que para o bem ou para o mal, filmes como este não são mais feitos atualmente em Hollywood, que sofre com produções cada vez mais sérias e sem identidade, perdendo assim o charme destas produções mais inocentes desta época. O tom desta produção chega a ser quase cartunesco, com vilões e mocinhos bem definidos e unidimensionais, envolvidos em situações que beiram o ridículo. E é aí que esta a graça da coisa, não se levar a sério em momento algum, apenas embarcar numa inesperada aventura pipoca, maniqueísta e exagerada até dizer chega. Apesar dos muitos defeitos da produção, Velocidade Máxima 2 é um divertido filme de ação, um bom passatempo que serve ainda hoje como fuga da caretice do cinema atual e nos mostra que o cinema pode sim ser comercial, sem a estupidificação e a vulgaridade de certas produções de grande sucesso como 'Tranformers: A Era da Extinção' (2014) que infestam o cinema norte-americano atual.
Cara, eu acho esse MUITO ruim. Até senti falta do Keanu Reeves
Eu gosto deste, talvez porque tenha feito parte da minha infância. Concordo com boa parte das críticas que recebe (citei elas na crítica), mas não consigo odiá-lo como a grande maioria. E o Keannu Reeves fez falta mesmo. 😉
Em um aspecto ele é superior: é bem mais engraçado. Morro de rir com o Carlinhos Brown...