Puro filme lynchiano, um quebra-cabeça quase incompreensível cheio de alegorias e criaturas estranhas, que nos leva ao limite da realidade até ceder por completo ao mundo irreal e totalmente sensorial, quando somos sugados pela escuridão da caixa azul.
David Lynch nos mergulha em um perigoso território surrealista, onde real e imaginário são, a rigor, indistinguíveis, inseparáveis, onde não é possível saber, nunca, o que está acontecendo, o que está sendo filmado, o que está sendo sonhado ou imaginado.
É louco demais até pra mim, mas que David Lynch dirige de modo fantástico, isso não há como negar! Fiquei vidrado durante todo o filme, ainda mais pelo belo trabalho da dupla Naomi Watts e Laura Harring.
Após várias passagens, se abstrair os tradicionais "elementos estranhos" ao contexto (o que é quase impossível, sem ajuda de especialistas na filmografia do diretor), que Lynch sempre encaixa em suas obras, a narrativa fica menos inextricável e a trama adquire uma consistência interessante (as alegorias acabam tendo alguma lógica onírica, mesmo que sobrem pontas soltas, aparentemente propositais). O roteiro é até inteligente (para quem entender) e elogiável as atuações das protagonistas.