- Direção
- Michelangelo Antonioni
- Roteiro:
- Michelangelo Antonioni, Elio Bartolini, Tonino Guerra
- Gênero:
- Drama, Romance
- Origem:
- França, Itália
- Estreia:
- 31/12/1969
- Duração:
- 145 minutos
- Prêmios:
- 13° Festival de Cannes - 1960
Lupas (24)
-
Estudo e contemplação do vazio, da insatisfação, do deslocamento, do nada a dizer e sentir. É uma sensação de desolação, de uma eterna busca. Um universo de criaturas que apenas caminham, se deixam levar pelas situações, tem receio da solidão, lutam uma batalha perdida contra o enfado de suas vidas. Poucas vezes um diretor foi tão proeminente em elucidar o tédio humano, a alienação burguesa, o fim eminente. Obra-prima do labirinto da condição humana.
-
Conceitualmente vai da eficiência a astúcia, além de tudo tem seus momentos de grande beleza. Fazia muito tempo que não via um Antonioni (não tenho grande estima pelo diretor). Boa dialética com esses tempos de pandemia: "O câncer do vizinho não cura minha gripe".
-
Mais do que apresentar impossibilidades de comunicação que aproximam e afastam os personagens, a rede de relacionamentos traçada nesse filme incomoda. Conforme o enredo se desenvolve, os protagonistas partem em uma busca que visivelmente não desejam concluir, revelando também serem parte desse ciclo de desconfiança, decepção e desejo que nunca parece terminar, estando sempre em recomeço. Há ainda os cenários espetaculares, para os quais o silêncio e a vagareza da narrativa arrastam o espectador.
-
A poética da pausa de Antonioni é uma linguagem radical, por vezes hermética, mas quando a absorvemos, é um deleite estético. Confesso que demorei bastante pra entender a arte de Antonioni. Hoje sou fã incondicional dele.
-
A Aventura é um filme difícil, denso, lotado de simbologias nada óbvias e que podem inspirar diversas discussões. Uma alusão à humanidade ilhada pela solidão, o trem da vida seguindo numa busca desesperada de preencher este vazio num ciclo tedioso.
-
Entre a futilidade e o desprezo e a paixão avassaladora e o desinteresse. Se utiliza de belas locações Sicilianas para mostrar endinheirados que pouco ou nada se importam com os demais, a não ser pelo próprio umbigo egoísta. Cena final interessante.
-
As complexidades dos relacionamentos humanos e a vulnerabilidade da carne são temas constantes do filme, além de o explora-lo de forma realista, porém o 2 e 3 ato são enfadonhos diferentemente do 1 ato.
-
Por trás de um mistério nunca solucionado, Antonioni constrói uma aventura sentimental em seus personagens, que é tão comum nas relações amorosas. Como sempre, há um plural de sentimentos que tomam conta do nosso ser de uma forma tão desequilibrada.
-
A primazia do que se diz apenas visualmente e não raro se opõe ao diálogo em si, como se houvesse uma incomunicabilidade entre a linguagem imagética e a discursiva.
-
Pessoas entediadas fugindo do tédio e só encontrando mais tédio, Anna não sumiu atoa.
-
Aqui quanto mais se isolam e reprimem as emoções, mais se empodera e revela o que é maior do que os limites humanos, expondo as prisões e incertezas através do invisível onipresente, dos conflitos interiores projetados no exterior belo e em desgaste.
-
Se tivesse de descrever o filme em uma palavra seria: "corajoso". Criar um grande mistério e contorna-lo sem ficar devendo nada a quem assiste é uma arte!
-
24/01/09
-
Anotação - Primeiro filme da Trilogia da Incomunicabilidade de Antonioni
-
O melhor do tédio elegante de Antonioni, mas muitas cenas poderiam ter ficado na sala de edição.
-
A câmera do cineasta nos descortina uma Itália deslumbrante e muito requintada, mas cujos personagens estão tomados por uma apatia desconcertante.
-
Há uma pequena grande falha emocional em seu contexto sensorial, e Monica Vitti viria a se superar ao longo da trilogia da incompatibilidade, mas nada que afete a essência eloquente desse que é um dos melhores e maiores trabalhos do mago italiano.
-
Antonioni nos dá pistas para concluirmos o filme da nossa forma. O diretor dispensa os diálogos no final e, dessa forma, demonstra seu talento e sensibilidade. Um filme para sentir e libertar a imaginação, não para compreender. Genial, perfeito.
-
Um retrato acadêmico, reflexivo e mordaz das futilidades, do tédio, da desumanização e do vazio existencial do homem moderno. A impressão é de que nada de importante acontece porque o evento mais significativo é logo esquecido e desprezado.
-
Pessoas morrem, pessoas se esquecem, pessoas traem, pessoas perdoam. Nenhum sentimento, a vida parece uma série de acontecimentos frios e calculados a espera de seu tempo. A realidade é nua e crua, livre de qualquer maquiagem ou eufemismo.