A abordagem dramática com toques cômicos é uma escolha acertada de Mihaileanu, que lança um olhar sobre a cultura judaica sem cair em estereótipos desrespeitosos. Todos muito à vontade em cena, nem parecem estar atuando, um mérito e tanto em uma produção com tantos personagens.
Seguindo tendências do cinema eslavo, esta narrativa força o traço de seus personagens para representar tipos sociais bem definidos e quase sempre planos, que acabam se tornando um microcosmo da sociedade e suas relações políticas. Dentro desse esquema, alguns personagens acabam se saindo mais ou menos bem dimensionados. Rufus protagoniza algumas das melhores cenas, em um papel duplo e mais profundo. O destaque fica para a cena final, uma das mais dolorosas que já vi sobre o tema.
Comédia singela, com alguns momentos inspirados, e delicada no meio do inferno do holocausto. O frame final é um soco violento, que te põe de volta na realidade.
Intervenção artística das mais geniais, acionárias, transgressoras, completas, reflexivas e ainda divertidas do Cinema, esse Cinema de resgates e cunho sócio-político. Grande obra, sem dúvida alguma.
Mesmo com a poesia (mal desenvolvida) do roteiro, a trama não consegue cativar (como "A Vida É Bela", de Benigni, do qual parece ter se "inspirado"), pois carece de seriedade. Os personagens são caricatos, sendo alguns insuportáveis, como o Comunista.