Kitano e a máfia às claras, bruta mas sem predominância de locais escuros. No calor à luz do sol, numa mesa qualquer.
Seu trunfo é a lucidez narrativa. A violência tem significado e a história não se perde, mesmo com a andança dos vários personagens.
Ultrage é a materialização de todos aqueles pensamentos hediondos que você certamente já ficou matutando na cabeça enquanto assistia a algum filme violento de máfia e se perguntava o por quê de tanta cerimônia entre os bandidos.
Pertence à vertente sádica de Kitano, com suas reviravoltas a cada minuto e sequências ultrajantes que vão ao encontro de um público interessado em humor sanguinolento e explosivo.
Belo exercício narrativo de Kitano, onde observa a auto-destruição de um grupo baseada na ambição que atropla conceitos morais e culturais. Um verdadeiro assassinato lento e brutal filmado.
Um filme que vai direto ao ponto, sem rodeios. Os diálogos econômicos de Otomo, continuam e a explosão de violência também, uma marca do cinema de Kitano, um grande exemplar do cinema de Gângster desse novo século.