Impossível não sair boquiaberto com o trabalho de direção de Max Ophuls, com travellings de cair o queixo que eu diria que inspiraram fortemente o trabalho de kar wai nos anos 2000 quando o espectador cumpre o papel de observador distante daqueles casais onde a regra que comanda é a do desejo.
Max Ophüls movimenta fantasia e paixão. Observa e conduz o jogo do amor e seus desdobramentos. Amores fugazes, instantes de prazer carnal; ciclo de emoções que se revelam na intensidade do momento. Tudo ao controle de uma mise-en-scène fabulosa, requintada, de elegância sem igual. Um clássico absoluto!
O carrossel do amor gira em suas variações sutis, conduzidas com ironia pelo roteiro e encenadas em em atuações planos sequências de encher os olhos. Algumas tramas se sobressaem, mas o resultado geral ainda pende bem mais para o satisfatório e envolvente.
A Ronda é um filme que só existe enquanto houver essa fagulha de desejo — dos corpos entre os corpos, da narrativa pelo simples ato de narrar e de interromper movimentos e tesões, da organização que se equilibra com a instabilidade do frenesi.
Delirante a sutil ironia na composição de vários de seus planos (todos belíssimos) e o leve humor oriundo disso e do texto, com o destino em pessoa costurando as tramas e as personagens (expondo seus desejos às escondidas) formando a linha. Maravilha!