Lupas (9)

Carlos Reichenbach lançou seu olhar para o cotidiano da periferia (qual ele faria outras vezes). Em "Anjos do Arrabalde" a tragédia dos personagens não é mera dramaturgia, ela é a força do filme. E nela reside a ideia de torná-los, irrefutavelmente, humanos. Gente como a gente.

Colocando a profissão de suas protagonistas em segundo plano, Reichenbach está mais interessado em apresentar os danos causados por relacionamentos abusivos e a dificuldade em sair deles. Cada uma a seu modo, as três amigas estão presas em um ciclo de erros que levam suas vidas pessoais ao fracasso constante. Não é dos retratos sociais mais eficazes do diretor, mas tem seus momentos.

Quatro mulheres, quatro pontos de tensões dos mais diversos conflitos. Todas acompanhadas de homens que criam algum tipo de laço íntimo e depois viram fonte de aflições para elas. Reichenbach possui um olhar múltiplo, sem se render à melancolia exacerbada, mas mantendo a amargura ao lado. No fim das contas, resta apenas a companhia e a força de uma com a outra - ou as outras.

Reichenbach lança um olhar para as tragédias da vida comum à periferia urbana e faz um filme honesto e com emoções genuínas mas talvez seja um dos seus filmes que menos me agrade por fugir de seu cinema anárquico e imoral com toques utópicos .

18/05/17 - Um retrato humano e real da periferia paulistana, ainda atual 30 anos depois.

"Eu me sinto bem na periferia, aqui eu sinto cheiro de gente"

As vezes acho que o cinema brasileiro apesar de ter ótimos cineastas, sofre com a falta de percepção comercial e uma certa dessintonia com seu povo . Carlão é exceção, tem filmes grandiosos e muito acessíveis, Anjos do Arrabalde é um exemplo.

Filme muito bom que retrata a minha profissão e é filmado em meu bairro : Pirituba - São Paulo , SP . Como quase todo filme brasileiro , peca um pouco em cenas de nudez .

Tem um par de cenas memoráveis apesar de varias situações e personagens Reichenbach tenha desenvolvido melhor em filmes anteriores ou posteriores a esse.